Secções
Entrar

Operação Lava Jato gerou 242 condenações em cinco anos

16 de março de 2019 às 17:54

Maior investigação criminal do Brasil arrancou há cinco anos. Diretores da Petrobras atuavam a mando de partidos políticos e mantinham relações com executivos de empreiteiras.

A OperaçãoLava Jato, que começou há cinco anos por investigar crimes na petrolífera brasileira estatalPetrobrasé hoje considerada a maior investigação criminal do país, com 242 condenações criminais.

No domingo, dia 17 de março, a operação comemora cinco anos e, desde então, empresários e líderes de grandes companhias como Marcelo Odebrecht, antigo presidente da construtora Odebrecht, ex-funcionários da Petrobras e políticos de renome como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o antigo presidente da Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar) Eduardo Cunha, estão entre os principais condenados.

Segundo um levantamento disponibilizado pela força-tarefa da Lava Jato, foram realizadas a pedido de equipa do estado brasileiro do Paraná, onde as investigações começaram em 2014, 60 fases de investigação na Lava Jato com o cumprimento de 1.196 mandados de busca e apreensão.

No total, os procuradores e investigadores brasileiros solicitaram e cumpriram 227 mandados de condução coercitiva - quando suspeitos são presos temporariamente para prestar depoimento -, 310 mandados de prisão temporárias e preventivas contra 267 pessoas.

Dentro da operação também foram propostas 10 ações de improbidade administrativa contra 63 pessoas, 18 empresas, o Partido Progressista (PP), o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que no total pedem o ressarcimento de pagamento 18,3 mil milhões de reais (4,2 mil milhões de euros).

Oficialmente a operação, que descobriu fraudes em contratos milionários da Petrobras e, posteriormente, noutros órgãos públicos, já conseguiu restituir 2,5 mil milhões de reais (580 milhões de euros) à petrolífera brasileira.

Além disso, foram celebrados 12 acordos de leniência -- confissão de crimes por parte de empresas que colaboram com a investigação e aceitam o pagamento de multas-, 183 acordos de colaboração com acusados que também confessaram participação nos crimes e aceitaram pagar multas para reduzir sua pena, que preveem a recuperação cerca 13 mil milhões de reais (3 mil milhões de euros) de dinheiro desviados em atos de corrupção no Brasil.

O volume de informações e conclusões na operação Lava Jato constituem outro dado relevante que mostra o crescimento da investigação ao longo dos anos.

"De 2014 até o final de 2018 a média anual de trabalho da força-tarefa cresceu 623,60%, passando de 4.978 para 36.021 atos no ano passado, incluindo manifestações, movimentações, autuações de documentos extrajudiciais e judiciais, pedidos de cooperação internacional, e instauração de procedimentos extrajudiciais, autos judiciais e inquéritos", frisou o levantamento feito pelo Ministério Público brasileiro.

A maior operação contra a corrupção e branqueamento de capitais do país começou com a investigação de crimes financeiros praticados por quatro empresas lideradas por negociantes de moeda estrangeiras, cujas atividades são chamadas no Brasil pelo nome de doleiros.

À época, foi descoberto que um destes doleiros, chamado Alberto Youssef, já investigado e preso pela polícia brasileira nos anos 2000, havia voltado a atuar e comprou um veículo de gama alta para Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.

Isso chamou a atenção dos investigadores da polícia brasileira que, posteriormente, conseguiram confirmar o esquema de corrupção que tomou conta da Petrobras, incluindo diversos diretores que atuavam a mando de partidos políticos e mantinham relações com executivos de empreiteiras.

As investigações revelaram que foi estruturada uma organização criminosa dentro e em redor da Petrobras, formada por quatro núcleos principais, que por sua vez eram compostos por empreiteiras, altos executivos e funcionários da empresa, operadores financeiros, agentes e partidos políticos, cujo objetivo conjunto era desviar dinheiro.

Ao longo da operação, com diversos procedimentos reforçados, provas e depoimentos de colaboradores, foi desenhado um quadro mais alargado da corrupção que atingiu a estatal petrolífera e, posteriormente, outros órgãos federais do Brasil.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela