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Médio Oriente: Borrell quer UE a pressionar Israel por não ver sinais de fim da guerra em Gaza

Lusa 18 de novembro de 2024 às 09:05

Em declarações à chegada à reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, o responsável vincou: "É preciso pôr pressão no governo israelita e, claro, no lado do Hamas".

O chefe da diplomacia europeia defendeu esta segunda-feira, 18, pressão sobre Israel, através de uma proposta para suspender o diálogo político, de forma a acabar a guerra com o grupo islamita Hamas em Gaza, por não ver "hipótese de isso acontecer".

"Muitas pessoas tentam travar a guerra em Gaza – os Estados Unidos têm exercido muita pressão, muitos dos meus colegas viajam muito para o Médio Oriente, tentam resgatar os reféns e travar a guerra –, mas isso ainda não aconteceu e não vejo qualquer hipótese de isso acontecer" para já, declarou o Alto Representante da União Europeia (UE) para os negócios estrangeiros e a política de segurança, Josep Borrell.

Em declarações à chegada à reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, o responsável vincou: "É preciso pôr pressão no governo israelita e, claro, no lado do Hamas, [pois] ambos os lados têm de ser pressionados".

"É por isso que há uma proposta concreta hoje em cima da mesa, para demonstrar que o que está a acontecer não está em linha com o direito internacional", adiantou Josep Borrell, citando números da Organização das Nações Unidas (ONU), de cerca de 44 mil mortos em Gaza, 70% dos quais mulheres ou crianças, com a destruição total daquele território palestiniano.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE debatem então hoje a proposta do chefe da diplomacia europeia para suspender o diálogo político com Israel, nas disposições do acordo de associação sobre direitos humanos.

O tema divide os 27 Estados-membros da UE, pelo que não deverá existir um consenso entre os ministros durante o Conselho de Negócios Estrangeiros, reunião na qual Portugal estará representado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos.

O diálogo político entre a UE e Israel está previsto no quadro de associação entre Bruxelas e Telavive.

Borrell cumpre, assim, a sua promessa de levar esta questão à última reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros a que irá presidir, antes de passar o testemunho à estónia Kaja Kallas, o nome proposto por Ursula von der Leyen para a pasta da diplomacia europeia.

De acordo com os relatórios de organismos internacionais independentes, existem razões para acreditar que Israel está a violar os direitos humanos e o direito humanitário internacional nas suas ofensivas em Gaza e no Líbano.

A proposta de suspensão do diálogo político não significa, no entanto, a suspensão do acordo de associação ou do Conselho de Associação com o país.

Também na agenda da reunião de hoje está a questão da proibição de importar bens oriundos de territórios ocupados na Palestina, não se esperando, porém, também qualquer decisão.

A guerra lançada por Israel contra o Hamas, na Faixa de Gaza, após o ataque terrorista desta organização em 07 de outubro de 2023, continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente.

Até agora, em Gaza, o conflito fez pelo menos 43.736 mortos (quase 2% da população), entre os quais mais de 17.000 menores, e 103.370 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

REUTERS/Johanna Geron
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