Secções
Entrar

Líder de Hong Kong acusa ex-magnata pró-democracia de "glorificar violência"

Lusa 15 de dezembro de 2025 às 09:23

A justiça da região chinesa considerou hoje Jimmy Lai culpado do crime de "publicações sediciosas" relativas a 161 artigos, incluindo editoriais assinados com o seu nome no Apple Daily, jornal pró-democracia que fundou e atualmente está banido.

O líder do Governo de Hong Kong disse esta segunda-feira que se fez justiça ao condenar Jimmy Lai Chee-ying, o antigo magnata da comunicação social pró-democracia que acusou de "glorificar a violência".
Jimmy Lai é considerado culpado de "publicações sediciosas" em Hong Kong AP
“Lai há muito que explorava o seu meio de comunicação, o Apple Daily, para fomentar deliberadamente conflitos sociais, incitar a divisão e o ódio, glorificar a violência e pedir abertamente sanções estrangeiras contra a China e Hong Kong”, disse John Lee Ka-chiu aos jornalistas. A justiça da região chinesa considerou hoje Jimmy Lai culpado do crime de "publicações sediciosas" relativas a 161 artigos, incluindo editoriais assinados com o seu nome no Apple Daily, jornal pró-democracia que fundou e atualmente está banido. Lai foi ainda considerado culpado de conluio com entidades estrangeiras, também ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020 e revista em 2024, em resposta aos protestos antigovernamentais, por vezes violentos, de 2019. John Lee disse que o ex-magnata “prejudicou os interesses fundamentais da nação e o bem-estar dos residentes de Hong Kong. As suas ações foram vergonhosas e as suas intenções, maliciosas”. Durante o julgamento, que começou em dezembro de 2023, Jimmy Lai declarou-se inocente e afirmou nunca ter defendido o separatismo ou a resistência violenta. Também negou ter apelado a sanções ocidentais contra a China e Hong Kong. "Os valores fundamentais do Apple Daily são, na verdade, os valores fundamentais do povo de Hong Kong (...) [incluindo] o Estado de direito, a liberdade, a busca da democracia, a liberdade de expressão, a liberdade de religião, a liberdade de reunião", argumentou Lai. O chefe do Executivo defendeu hoje que a segurança nacional da China está acima de quaisquer 'slogans'. “A lei nunca permite que alguém – independentemente da profissão ou origem – prejudique abertamente o seu próprio país e os seus concidadãos em nome dos direitos humanos, da democracia e da liberdade”, afirmou John Lee. O líder do Governo acrescentou que a decisão do Tribunal Superior de Hong Kong é apoiada por "provas irrefutáveis", mas garantiu que o Governo irá analisar cuidadosamente a sentença antes de fazer mais comentários. O tribunal marcou para 12 de janeiro uma audiência, com a duração máxima de quatro dias, onde a defesa de Lai, de 78 anos, poderá apresentar eventuais atenuantes, antes de a sentença ser conhecida. Os três crimes de que o cidadão britânico foi considerado culpado podem acarretar a pena de prisão perpétua. Lai foi julgado por três juízes, incluindo a luso descendente Susana D'Almada Remedios, escolhidos pelo Governo para lidar com casos ligados à lei de segurança nacional.
Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela