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Líbia. Tempestade Daniel deixa 10 mil desaparecidos e três mil mortos

Luana Augusto com Leonor Riso 12 de setembro de 2023 às 13:58

No cemitério de Derna, mais de 700 corpos amontoados aguardam identificação pelas autoridades líbias. A Turquia enviou três aviões, dois veículos e dois barcos para ajudar nas operações de busca e salvamento.

Na Líbia, 10 mil pessoas estão desaparecidas devido às cheias devastadoras provocadas pela tempestade Daniel, segundo a informação avançada esta terça-feira pela Cruz Vermelha. O número de mortos aumentou para 3 mil. "O número de pessoas desaparecidas está na casa dos milhares e o número de mortos deverá chegar a 10 mil", disse o ministro da Saúde, Othman Abdel Jalil, ao canal de televisão Al-Massar.

Libya Al-Hadath/Handout via REUTERS

A tempestade, a mesma que afetou a Grécia na semana passada e que matou 18 pessoas, já provocou o caos nas cidades. Em Derna, bairros inteiros foram destruidos, as comunicações interrompidas, e no cemitério existem mais de 700 corpos amontoados, à espera que sejam identificados pelas autoridades locais. "A situação na cidade de Derna está a tornar-se mais trágica e não existem estatísticas finais sobre o número de vítimas", disse Jalil. "Muitos bairros estão inacessíveis."

Já o ministro da Aviação Civil, Hichem Chkiouat, disse à Reuters que a situação em Derna era desastrosa. "Os corpos estão por toda a parte, no mar, nos vales, sob os edifícios. Não estou a exagerar quando digo que 25% da cidade desapareceu. Muitos, muitos edifícios desabaram."

De acordo com o presidente turco, Tayyip Erdogan, a Turquia já enviou para a Líbia três aviões com tendas, alimentos, produtos de higiene e roupa. A bordo estão 168 pessoas, incluindo uma equipa de resgate. A caminho vão também dois veículos de busca e salvamento, e dois barcos de resgate.

Imagens divulgadas pelo Ministério da Defesa mostram um avião a levantar voo, na manhã de terça-feira. Os outros dois deverão partir no final do dia desta terça-feira.

Vários habitantes têm criticado o alegado ritmo lento das equipas de socorro. Nas redes sociais, vídeos mostram cidadãos desesperados a apelar por ajuda e por informações sobre os seus familiares desaparecidos, enquanto a água lamacenta engole as casas.

"As casas nos vales que estavam na linha de inundação foram varridas por fortes correntes de água lamacenta que transportavam veículos e detritos", disse um porta-voz da Autoridade de Emergência da Líbia, Osama Ali.

Num relatório de 2022, já tinha sido dado o alerta que caso surgisse uma inundação semelhante à de 1959 era "provável que provocasse o colapso de uma das duas barragens, tornando assim os residentes do vale e da cidade de Derna vulneráveis". Um ano depois o colapso de uma das barragens aconteceu.

"As condições climáticas, os níveis da água do mar, as chuvas e a velocidade do vento não foram bem estudados, e não houve evacuação de famílias que poderiam estar no caminho da tempestade e nos vales", acrescentou Osama.

Na segunda-feira, dia 11, já tinham sido dadas como mortas 2 mil pessoas e 1.200 estavam desaparecidas. Na altura, as autoridades locais previam que o número de desaparecidos aumentasse para cerca de 5 mil, no entanto, as contas duplicaram.

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