Kremlin diz que acordo para acabar com a guerra não vai ser rápido
“Sabemos que Washington quer alcançar um progresso rápido, mas esperamos que entendam que a solução para a crise é complexa demais para ser feita rapidamente", defendeu Dmitry Peskov.
"Complexo demais para ser feito rapidamente", foi assim o porta-voz do Kremlin descreveu o processo para alcançar a paz na Ucrânia apesar dos esforços diplomáticos dos Estados Unidos para que as negociações se desenvolvam.
O presidente russo, Vladimir Putin, já apelou a um cessar-fogo antes das negociações de paz, "mas antes disso é necessário responder a algumas perguntas e resolver algumas nuances", referiu Dmitry Peskov.
"Sabemos que Washington quer alcançar um progresso rápido, mas esperamos que entendam que a solução para a crise é complexa demais para ser feita rapidamente. Há muitos detalhes e uma série de pequenas nuances que precisam de ser resolvidos antes de chegarmos a acordo", continuou o porta-voz do Kremlin.
Por outro lado, o presidente norte-americano, Donald Trump, já expressou a sua frustração com a lentidão das negociações para que a guerra termine, uma vez que durante a campanha chegou a referir que iria acabar com a guerra nas primeiras 24 horas do seu mandato e agora passados 100 dias ainda não existiram desenvolvimentos além dos diplomáticos.
Vários líderes da Europa Ocidental têm acusado Putin de tentar empatar o processo referindo que quer o cessar-fogo enquanto continua a atacar o território ucraniano. Na segunda-feira, um ataque de drones russos à segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, feriu pelo menos 45 civis e as Nações Unidas relataram que o número de vítimas civis aumentou nas últimas semanas.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirmou no relatório que, nos primeiros três meses deste ano, foram verificadas 2.641 mortes de civis na Ucrânia. Isso representa quase 900 a mais do que no mesmo período do ano passado.
Estados Unidos mais afastados da Ucrânia
O primeiro encontro entre Zelensky e Trump desde que o republicano regressou à Casa Branca foi um dos momentos mais tensos desde o início do mandato. Trump repreendeu o presidente ucraniano em frente aos jornalistas e acusou-o de estar a "prolongar" o "campo de extermínio".
Foi logo durante a campanha que Trump se começou a referir à guerra na Ucrânia como a "guerra de Biden" e a defender que é um desperdício do dinheiro dos contribuintes americanos. Altos funcionários americanos já alertaram que o governo poderia abandonar os esforços para a paz se a solução não fosse encontrada rapidamente. Depois disso, Trump já tentou até pressionar Zelensky a ceder parte dos territórios ocupados à Rússia.
Ainda assim o funeral do Papa Francisco parece ter deixado os dois líderes mais próximos, uma vez que se encontraram no Vaticano e tiveram um encontro "muito produtivo".
Na terça-feira, o Departamento de Estado dos EUA tentou novamente pressionar os dois lados a agirem rapidamente: "Estamos agora num momento em que precisam ser apresentadas propostas concretas por ambas as partes para acabar o conflito. Se não houver progresso, recuaremos como mediadores neste processo".
A realidade é que a Rússia decretou tréguas durante a Páscoa, apesar de ter sido acusada de ataques durante o mesmo período, mas recusou um cessar-fogo imediato e total de trinta dias proposto por Zelensky.
"No contexto dos acontecimentos no terreno, ao longo da linha da frente, onde o regime de Kiev está cada vez mais em retirada, deram uma reviravolta e começaram a exigir uma cessar-fogo imediato e sem qualquer pré-condição", afirmou Lavrov depois da reunião dos BRICS.
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