Secções
Entrar

Hungria aprova lei que impede conteúdos LGBT em escolas ou canais infantis

Leonor Riso 16 de junho de 2021 às 13:55

Lei junta medidas contra a pedofilia e contra temas LGBT. Governo diz que crianças "podem não compreender bem", opositores denunciam violação dos direitos humanos.

Esta terça-feira, dia de jogo contra Portugal, a Hungria aprovou legislação que impede a disseminação de conteúdos acusados de promover a homossexualidade e mudança de género nas escolas. As leis foram alvo de duras críticas por parte de grupos que defendem os direitos humanos e dos partidos da oposição. 

Para aprovar a lei, o partido Fidesz do primeiro-ministro Viktor Orban incluiu a proposta que impede a abordagem de assuntos LGBT (lésbica, gay, bissexual e transgénero) numa outra que penaliza a pedofilia. Para os opositores, a pedofilia e os temas LGBT acabam por convergir na mesma lei erradamente. 

Na segunda-feira, ocorreu uma manifestação fora do parlamento contra Viktor Orban e vários grupos pelos direitos humanos pediram ao Fidesz que retire a proposta. Porém, os deputados do partido do poder votaram a favor, enquanto partidos de esquerda boicotaram o voto. Contudo, a aprovação já era esperada devido à maioria do Fidesz e à concordância do partido Jobbik, de extrema-direita. 

Segundo a proposta, às pessoas com menos de 18 anos não podem ser mostrados quaisquer conteúdos acerca de mudança de sexo ou homossexualidade, o que também se aplica a anúncios. A lei elenca as organizações a que é permitido educar sobre sexo nas escolas. 

Ao The Guardian, fonte oficial do governo disse que "há conteúdos que as crianças menores de certa idade podem não compreender bem e que podem ter um efeito prejudicial no seu desenvolvimento em certa idade, ou que as crianças não podem processar, e que podem confundir os seus valores morais em desenvolvimento ou a imagem delas próprias ou do mundo". A lei impede a transmissão de séries televisivas ou filmes, ou até ver uma bandeira arco-íris. 

A embaixada dos Estados Unidos em Budapeste frisou estar "profundamente preocupada" pelos aspetos anti-LGBTQI+ da lei. "Os EUA defendem a ideia de que os governos devem promover a liberdade de expressão e promover os direitos humanos, incluindo os direitos dos membros da comunidade LGBTQI+.

A eurodeputada Gwendoline Delbos-Corfield lamentou que se usasse "a proteção de crianças como uma desculpa para atingir as pessoas LGBTQI", o que é "prejudicial para todas as crianças". 

Na Hungria, o casamento homossexual não é reconhecido e a adopção está só aberta a casais heterossexuais. O governo de Orban definiu na Constituição húngara que o casamento é a união entre um homem e uma mulher. 

As eleições legislativas estão marcadas para 2022. Apesar de Orban ter vencido três vezes desde 2010, os partidos da oposição juntaram forças pela primeira vez e nas sondagens aproximam-se do Fidesz. 

REUTERS/Marton Monus
Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela