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Gaza. Exército israelita dentro do hospital al Shifa

Débora Calheiros Lourenço 15 de novembro de 2023 às 11:31

O maior hospital da Faixa de Gaza foi invadido por militares israelitas, que dizem ter neutralizado militantes do Hamas.

Soldados israelitas afirmaram ter matado vários militantes do Hamas durante o início da operação no hospital Al Shifa, na Faixa de Gaza, onde também se encontram milhares de civis palestinianos e membros de equipas médicas internacionais.

Israeli Defence Forces/Handout via REUTERS

Israel justifica o ataque referindo que o Hamas tem um centro de comando de operações sob o hospital. O porta-voz, tenente-coronel Peter Lerner, já afirmou que o complexo hospitalar é o "centro de operações, talvez até mesmo o coração pulsante" do Hamas.

"Antes de entrarem no hospital as nossas forças foram confrontadas com dispositivos explosivos e esquadrões terroristas, seguiram-se combates nos quais os terroristas foram mortos", referiu o exército. A Rádio do Exército israelita avançou que cinco militares do Hamas foram mortos e que dentro do complexo hospitalar existiam várias armas.

As Forças de Defesa de Israel já tinham confirmado a operação através de um comunicado: "Com base nas informações de inteligência e numa necessidade operacional, as forças das IDF estão a realizar uma operação precisa e direcionada contra o Hamas numa área específica do hospital al Shifa".

Os apelos internacionais para um cessar-fogo humanitário têm-se repetido, especialmente desde que o hospital se tornou o foco dos combates. Além de dar abrigo a doentes, ao al Shifa têm acorrido deslocados internos nas últimas semanas, que se veem outra vez na linha da frente do conflito.

Tendo em conta a situação nos hospitais, o porta-voz do secretário-geral da ONU reforçou a "dramática perda de vidas" e o apelo a um "cessar-fogo humanitário imediato".

Na terça-feira, 14, os Estados Unidos afirmaram que as informações que detinham permitiam apoiar as conclusões de Israel, o que o Hamas considerou como uma "luz verde" internacional para que os soldados israelitas pudessem atacar o hospital.

Em comunicado, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca respondeu: "Não apoiamos ataques aéreos a um hospital e não queremos ver um tiroteio num hospital onde pessoas inocentes, pessoas indefesas, pessoas doentes que tentam obter os cuidados médicos que merecem são apanhadas no fogo cruzado".

A ministra da Saúde da Autoridade Palestiniana, que governa a Cisjordânia, considerou estes ataques "um novo crime contra a Humanidade" e declarou: "Consideramos as forças de ocupação totalmente responsáveis pelas vidas do pessoal médico, dos pacientes e dos deslocados em al Shifa".

O Hamas afirma que dentro do hospital se encontram 650 pacientes e entre cinco a sete mil civis deslocados: além disso, trinta e seis bebés prematuros encontram-se na ala neonatal. Sem combustível para os geradores que alimentavam as incubadoras os bebés têm sido mantidos o mais aquecidos possível através de fraldas e sacos de plástico.

Israel diz ter fornecido materiais hospitalares: "Podemos confirmar que as incubadoras, comida para bebés e mantimentos médicos foram transportados por tanques da FDI e já chegaram ao hospital Al Shifa. As nossas equipas médicas e soldados falam árabe e estão no terreno para garantir que tudo chega a quem precisa."

Segundo o ministério da Saúde de Gaza, desde a ofensiva militar israelita iniciada como resposta ao ataque do Hamas a 7 de outubro, já foram mortas mais de 11 mil pessoas, 40% delas crianças.

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