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França: violência pela terceira noite consecutiva leva a 667 detenções

Débora Calheiros Lourenço 30 de junho de 2023 às 09:04

Em Nanterre, zona de onde o jovem era originário, a tarde começou com uma vigília pacífica e uma marcha organizada pela mãe da vítima, que rapidamente se transformou em violência e originou confrontos com a polícia. É possível ler "vingança por Nahel" grafitado em quase todos os edifícios.

A madrugada de sexta-feira levou à detenção de pelo menos 667 pessoas em França, avançaram as autoridades. Esta foi já a terceira noite consecutiva de tumultos no país após a morte de um jovem de 17 anos às mãos da polícia durante uma operação STOP.

REUTERS/Gonzalo Fuentes

Pelo menos 242 pessoas acabaram detidas na região de Paris, a maior parte jovens entre os 14 e 18 anos dos subúrbios.

Fogo-de-artifício e tochas foram lançados contra a polícia, caixotes do lixo, carros e autocarros incendiados em cidades de todo o país. Várias lojas de centros comerciais, incluindo farmácias, restaurantes e supermercados, foram também vandalizadas por todos do país.

Os maiores confrontos verificaram-se em Nanterre e Montreuil, em Pari, mas também em Dijon, Marselha, Lille, Rennes e Lyon. Em Nanterre, zona de onde o jovem era originário, a tarde começou com uma vigília pacífica e uma marchaorganizada pela mãe da vítima, que rapidamente se transformou em violência e originou confrontos com a polícia. É possível ler "vingança por Nahel"grafitadoem quase todos os edifícios da zona.

Algumas cidades ao redor de Paris, como Clamart, Compiègne e Neuilly-sur-Marne impuseram recolher obrigatório, parcial ou total, durante a noite para tentar evitar as previsões presentes num relatório da polícia que considera grande a probabilidade de "violência urbana generalizada nas próximas noites".

Durante a noite de quinta-feira mais de 40 mil polícias foram mobilizados em todo o país, número quatro vezes superior ao da noite anterior, e em muitas situações responderam aos manifestantes através da utilização de gás lacrimogéneo.

Emmanuel Macron deve liderar outra reunião de crise que conta com a presença de vários ministros para tentar arranjar mecanismos para conter a escalada de distúrbios que se tem vivido desde o início da semana. Na reunião de quinta-feira o presidente francês já tinha considerado: "As últimas horas ficaram marcadas por cenas de violência contra esquadras de polícia, escolas e câmaras, ou seja, instituições da república e todas essas situações são totalmente injustificáveis".

Já na quarta-feira o líder francês tinha pedido calma aos manifestantes, apesar de considerar que os acontecimentos que levaram à norte de Nahel são"inexplicáveis e indesculpáveis".

O advogado do polícia responsável pela morte de Nahel na zona de Nanterre falou com a televisão local BFMTV e defendeu que o polícia "está arrasado", garantindo: "Ele não se levanta de manhã para matar pessoas. A primeira coisa que ele me pediu quando falámos foi para pedir desculpas à família e a última coisa foi para pedir desculpas à família".

Laurent-Franck Lienard, o advogado, afirmou que o polícia pretendia disparar para a perna, mas foi atingido pelo jovem, de ascendência marroquina e argeliana, o que o fez mudar a direção e disparar em direção ao peito. O polícia de 38 anos está a ser investigado por homicídio voluntário e encontra-se em prisão preventiva, o acusado defende que apenas disparou porque tinha medo de ser atropelado, ou que o jovem atropelasse outra pessoa.

Nahel já era conhecido pela polícia por não cumprir as ordens para parar nas operações STOP.

O procurador de Nanterre, Pascal Prache, partilhou na quinta-feira que "o Ministério Publico considera que as condições legais para a utilização da arma não foram atendidas".

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