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Emirados investiram 1,5 milhões em drones que dão "choques" a nuvens

Jornal de Negócios 30 de maio de 2021 às 11:54

Um dos países mais ricos e mais secos do mundo financiou um projeto inglês com 1,5 milhões de dólares com um objetivo - fazer chover. A ideia é dar "choques" às nuvens para que as pequenas gotículas de água se juntem e caiam sobre o solo.

Os Emirados Árabes Unidos estão a trabalhar com uma equipa de cientistas britânicos num projeto que pode aumentar a pluviosidade no país. A ideia consiste em utilizar drones autónomos que aplicam choques elétricos às nuvens, aumentando a precipitação, e já recebeu 1,5 milhões do Governo.

Drone Reuters

O país, que tem financiado vários projetos científicos em todo o mundo com um objetivo – fazer chover, espera utilizar a tecnologia para contrariar as tendências do clima desértico da região que regista apenas 10 centímetros de chuva por ano.

A ideia foi inicialmente proposta em 2017 por uma equipa da Universidade de Reading, no Reino Unido e vai, finalmente, iniciar os testes com os seus drones construídos à medida, perto do Dubai. Na teoria, o drone vai efetuar uma descarga elétrica sobre as gotículas de água encontradas nas nuvens e isso deve aumentar as probabilidades de chuva.

Por trás do projeto está o estudo do comportamento das nuvens efetuado pela equipa, que concluiu que estas gotículas apresentam uma carga elétrica negativa ou positiva e que as mais pequenas são mais prováveis de se fundir em grandes gotas de chuva. Esta parte é especialmente importante num sítio como os Emirados Árabes Unidos, onde as nuvens pairam altas e se registam elevadas temperaturas, o que faz com que as gotas evaporem antes de chegar ao solo.

"O que estamos a tentar fazer é tornar as gotículas dentro das nuvens grandes o suficiente para que quando caiam consigam sobreviver até chegarem ao chão", disse uma das investigadoras responsáveis pelo projeto à CNN.

Para já, os testes vão decorrer nos Emirados Árabes Unidos com quatro aeronaves com uma envergadura de dois metros e 40 minutos de autonomia. Estas são lançadas de uma catapulta e são tripuladas sem intervenção humana. Estão equipadas com sensores que medem a temperatura, a carga elétrica das gotículas, a humidade e com um emissor de carga elétrica que deverá aplicar o "choque" às nuvens. Este último componente, o mais importante, foi desenvolvido pela Universidade de Bath, no Reino Unido.

Já foram realizados testes no Reino Unido e na Finlândia e, agora, os académicos britânicos estão a formar os operadores árabes numa escola de voo perto do Dubai. Os primeiros testes no país devem acontecer assim que as condições climatéricas forem as ideais.

No país, já foram conduzidas 242 missões de "plantação de nuvens" (uma técnica que procura criar nuvens com vista à precipitação), de acordo com o Centro Nacional para a Meteorologia, e, embora esta técnica não se enquadre aqui, corresponde ainda assim a uma alternativa responsável ecologicamente para assegurar alguma segurança hídrica no país. É, também, muito mais barata do que a dessalinização.

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