Secções
Entrar

Diamante Florentino reaparece 100 anos depois: joia pertencia aos imperadores da Áustria

Luana Augusto 07 de novembro de 2025 às 15:30

Diamante foi dado como desaparecido, mas afinal estava na posse da família: esteve durante 100 anos escondido num banco do Canadá.

Em 1918, com o fim da Primeira Guerra Mundial, o imperador do Império Austro-Húngaro, Carlos I, pressentiu o fim do seu império e face às crescentes ameaças bolcheviques e anarquistas decidiu transportar as joias que os Habsburgos possuíam há séculos para a Suíça. Entre a coleção estava um diamante de 137 quilates, admirado não apenas pelo seu formato em pera e tonalidade amarela, mas também pela sua história: antes de pertencer aos Habsburgos, esteve na posse da família Medici, governantes de Florença. O fascínio pela joia aumentou quando, pouco depois de Carlos e a sua família terem deixado Viena rumo ao exílio na Suíça, a mesma foi dada como desaparecida.
Diamante Florentino, da família Médici, surge após 100 anos, no Canadá DR
Durante 100 anos foram vários os rumores que circularam sobre o paradeiro deste diamante: uns julgavam-no roubado, enquanto que outros acreditavam que tinha sido desfeito. “Uma teoria defende que os Habsburgos, tal como os Romanovs após a Revolução Russa, venderam o diamante e outros bens em troca de dinheiro”, afirmou um pode ler-se num artigo publicado no Artnet no ano passado. “Uma hipótese mais esperançosa, porém menos provável, sustenta que o Diamante Florentino não foi vendido, mas sim dado a um servo dos Habsburgos que o levou para a América do Sul, e que ainda está por aí”, lia-se ainda.  O mistério foi tal que o caso aparece na narrativa de vários romances, nomeadamente The Imperfects, de Amy Meyerson, ou Der rote Diamant, de Thomas Hürlimann. No entanto, a verdadeira história do que aconteceu com a joia foi agora contada pela primeira vez ao jornal pelos descendentes de Carlos I, que garantiram que o diamante nunca desapareceu: estava guardado num cofre de um banco do Canadá desde que a família fugiu para lá durante a Segunda Guerra Mundial. Karl von Habsburg-Lothringen, de 64 anos, e neto de Carlos I, esclareceu que este segredo foi mantido por respeito à mulher de Carlos, a imperatriz Zita. Na altura, ela revelou o esconderijo do diamante a apenas duas pessoas: os seus filhos Roberto e Rodrigo, e pediu que, como medida de segurança, esta localização fosse mantida em segredo durante 100 anos após a morte de Carlos I, que aconteceu em 1922. No entanto, só recentemente é que Karl soube da existência desta joia por via dos seus primos Lorenz von Habsburg-Lothringen, de 70 anos, e de Simeon von Habsburg-Lothringen, de 67 anos. Agora com a promessa cumprida, a família quer exibir o Diamante Florentino e outras joias no Canadá para agradecer ao país por ter acolhido a imperatriz e os seus filhos. 

O percurso do diamante

Depois de Carlos I ter morrido de pneumonia na Madeira, a imperatriz Zita e os seus filhos mudaram-se para Espanha e posteriormente para a Bélgica, em 1929. Acontece que, com o aumento da tensões na Europa e as ameaças nazis, o seu filho mais velho - o príncipe Otto - ofereceu os seus serviços à Primeira República Austríaca e quando os nazis anexaram a Áustria, em 1938, - evento conhecido como Anschluss - Otto foi declarado inimigo. Ao temerem que a Alemanha estivesse prestes a invadir a Bélgica, Zita fugiu com os seus oito filhos para os Estados Unidos, em 1940 e com a ajuda dos americanos viajou para o Canadá, estabelecendo-se numa casa modesta na província do Quebec. Segundo relatos da família, na altura a imperatriz transportou consigo uma mala que continha uma coleção de joias. "Presumo que naquele momento a pequena mala foi para o cofre de um banco e lá permaneceu", conta Karl von Habsburg-Lothringen. Zita ainda regressou à Europa, mas já não teria as joias. Acabou por morrer na Suíça, em 1989.
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela