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Delegação do Parlamento Europeu diz que UE está "ao lado" de Taiwan

Lusa 04 de novembro de 2021 às 10:27

Para a delegação do Parlamento Europeu a Taipé, a democracia de Taiwan é "um tesouro" que tem de ser protegido e que todos "deviam acarinhar e proteger".

A democracia de Taiwan é "um tesouro" que tem de ser protegido, declarou hoje o deputado francês Raphael Glucksmann, que lidera uma delegação do Parlamento Europeu a Taipé, comprometendo-se a continuar a apoiar a ilha.

Delegação do Parlamento Europeu em Taiwan Reuters

A vista desta delegação, liderada pelo deputado que em março tinha sido sancionado, juntamente com quatro parlamentares por Pequim, foi descrita como a primeira "representação oficial" do Parlamento Europeu (PE) na ilha.

Glucksmann chamou à democracia de Taiwan "um tesouro que todos os democratas do mundo deviam acarinhar e proteger".

"Viemos aqui com uma mensagem muito simples e clara: não estás sozinha", disse, durante uma reunião com a Presidente da ilha, Tsai Ing-wen.

"A Europa está ao seu lado, ao seu lado para defender a liberdade, o Estado de direito e a dignidade humana", acrescentou Glucksmann, que instou a UE a reforçar a cooperação com a ilha.

"É mais que tempo de mostrarmos na União Europeia que estamos no mesmo barco (...) devemos então estabelecer um programa muito concreto de reuniões de alto nível e medidas concretas de alto nível para construirmos juntos uma parceria UE-Taiwan muito mais forte", salientou.

Na quarta-feira, durante uma reunião com o primeiro-ministro taiwanês, Su Tseng-chang, Glucksmann afirmou que a delegação pretendia aprender táticas a serem utilizadas na Europa para lidar com a "interferência de regimes autoritários", de acordo com a agência de notícias da ilha, Central News Agency (CNA).

A CNA indicou que o deputado socialista elogiou "a coragem" de Taiwan na transição para a democracia no contexto do conflito com Pequim.

A delegação europeia é composta por sete membros da Comissão Especial sobre Interferência Estrangeira do PE.

Uma missão chinesa em Bruxelas advertiu anteriormente que uma visita de eurodeputados a Taiwan "prejudicaria os interesses fundamentais da China e comprometeria o desenvolvimento saudável das relações China-UE".

Pequim, que reivindica a soberania sobre a ilha, intensificou esforços, nos últimos anos, para isolar Taiwan na cena internacional e bloquear qualquer tentativa de reconhecimento do território, que tem um Governo autónomo.

A China reagiu com raiva quando um grupo de senadores franceses viajou para Taipé no mês passado e quando o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, foi recebido na Eslováquia e na República Checa.

As relações entre a China e Taiwan deterioraram-se acentuadamente desde que Tsai chegou ao poder em 2016.

No início do mês passado, o ministro da defesa de Taiwan disse que as relações com a China atravessam o "pior momento em 40 anos", na sequência de um número recorde de incursões de caças chineses na zona de identificação da defesa aérea da ilha.

Entretanto, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Global Times, considerou a visita "uma provocação" de "eurodeputados radicais" que procuram "desacreditar a China".

"O Parlamento Europeu tornou-se cúmplice dos Estados Unidos na sua tentativa de inflamar a questão taiwanesa e aumentar as tensões", disse na quarta-feira o jornal.

Glucksmann é um dos deputados europeus sancionados por Pequim, em março, em resposta às sanções da UE contra quatro funcionários chineses e uma entidade chinesa por violações dos direitos humanos na província de Xinjiang (noroeste), que Pequim tem negado repetidamente.

As sanções, que se seguiram a uma decisão semelhante dos EUA, foram as primeiras sanções da UE contra a China desde o chamado massacre da Praça Tiananmen em 1989.

A troca de sanções levou o PE, em maio a congelar o processo de ratificação do acordo de investimento alcançado entre a UE e a China em dezembro passado, depois de sete anos de negociações.

Taiwan é governada de forma autónoma desde 1949, data em que as forças nacionalistas do Kuomintang ali se refugiaram depois de terem sido derrotados pelas tropas comunistas, que fundaram, no continente, a República Popular da China.

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