Secções
Entrar

Comissão Europeia quer UE a declarar emergências em futuras epidemias

11 de novembro de 2020 às 12:53

Bruxelas quer ter o poder de declarar emergências de saúde pública em futuros surtos ou epidemias, como fez a Organização Mundial da Saúde com a covid-19.

A Comissão Europeia quer que a União Europeia (UE) possa, de forma "independente e flexível", declarar emergências de saúde pública em futuros surtos ou epidemias, como fez a Organização Mundial da Saúde (OMS) com a covid-19.

"Precisamos de ter a flexibilidade para responder às crises sanitárias e, por isso, se formos capazes […] de declarar uma situação de emergência ao nível da UE isso iria permitir imediatamente a transferência de equipamentos, a realização aquisições conjuntas e a implementação de medidas por parte da Comissão", disse a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, em entrevista a várias agências de notícias europeias, incluindo a Lusa.

Nesta entrevista a propósito da apresentação de um pacote de propostas para criar uma "verdadeira União Europeia da Saúde", em altura de pandemia de covid-19, Stella Kyriakides defendeu que a declaração de situações de emergência de saúde pública iria possibilitar "uma resposta europeia muito mais antecipada".

"Temos de ser capazes de o fazer. As novas regras que vamos criar para uma União Europeia da Saúde vão permitir-nos ativar o mecanismo de resposta de emergência da UE, claro que em estreita cooperação com a OMS, mas não dependendo da OMS", apontou a comissária europeia.

Para a responsável, esta é uma "medida crucial", desde logo "aprendendo com o início da atual crise", que demonstrou que a UE tem de "atuar rapidamente e de forma eficaz".

Esta é uma das propostas hoje apresentadas pela Comissão Europeia para a criação de uma "verdadeira União Europeia da Saúde", após as dificuldades registadas nos últimos meses devido à covid-19, num pacote que prevê também o reforço dos mandatos do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e ainda a criação de uma nova autoridade para gerir futuras crises sanitárias.

"Seremos capazes de declarar uma situação de emergência, de forma conjunta a nível europeu, e ativar os nossos mecanismos de resposta de emergência de forma independente, mas em estreita cooperação com a OMS", sustentou Stella Kyriakides.

A OMS declarou, em janeiro deste ano, a covid-19 como uma emergência global de saúde pública, sendo esta a sexta vez que a organização recorreu a tal estado de alerta, depois de o ter feito com doenças como o ébola, a poliomielite, a gripe A ou o vírus zika.

Segundo o regulamento da OMS, uma emergência sanitária internacional traduz-se num "evento extraordinário que constitui um risco à saúde pública para outros Estados por meio da disseminação internacional de doenças e potencialmente exige uma resposta internacional coordenada".

Na prática, isto leva a que as autoridades de saúde aumentem a sua monitorização e controlo da doença, devendo estar alertas para a necessidade de adotar medidas de contenção.

É isto que a Comissão Europeia pretende que seja possível na UE.

A organização e a prestação de cuidados de saúde são da competência das autoridades nacionais dos Estados-membros, pelo que à UE cabe complementar as políticas nacionais e a coordenar respostas conjuntas, nomeadamente através da partilha de recursos para problemas comuns, como pandemias ou surtos.

A apoiar nesta assistência aos países estão as duas agências especializadas em questões de saúde, o ECDC e a EMA.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela