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China condena atribuição de prémio Sakharov a "criminoso" Ilham Tohti

25 de outubro de 2019 às 12:12

Tohti, um académico e ativista pelos direitos da minoria uigur na China, foi distinguido com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento.

A China condenou esta sexta-feira a atribuição do prémio Sakharov ao ativista uigur Ilham Tohti, crítico das políticas chinesas para as minorias étnicas e condenado a prisão perpétua por "separatismo", acusando o Parlamento Europeu de distinguir "um criminoso".

"Parece-me que é problemático que o Parlamento Europeu dê um prémio a um criminoso", afirmou Hua Chunying, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Em conferência de imprensa, a porta-voz declarou que a Europa não deveria apoiar um terrorista.

"É um criminoso condenado pelos tribunais chineses", indicou, fazendo referência à sentença de prisão perpétua por "separatismo" a que Ilham Tohti foi condenado em 2014.

Tohti, um académico e ativista pelos direitos da minoria uigur na China, foi distinguido na quinta-feira com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, segundo anunciou o Parlamento Europeu.

"[Tohti] empenhou-se muito para melhorar a compressão dos uigures na China. O Parlamento Europeu expressa todo seu apoio ao seu trabalho e quer que seja imediatamente libertado pelas autoridades chinesas", declarou o Presidente da assembleia comunitária, David Sassoli, ao anunciar o vencedor.

Durante mais de duas décadas, o intelectual trabalhou para promover o diálogo e a compreensão entre uigures e chineses, tendo criado o Uyghur Online, um sítio na internet que discute questões uigures.

Nesta plataforma, criticou regularmente a exclusão da população uigur chinesa do desenvolvimento do país e incentivou uma maior sensibilização para o estatuto e o tratamento da comunidade uigur na sociedade chinesa.

Por estas ações, Ilham Tohti foi declarado um "separatista" pelo Estado chinês e, subsequentemente, condenado a uma pena de prisão perpétua.

O grupo parlamentar Renovar Europa promoveu a candidatura de Tohti, que obteve também os votos do Partido Popular Europeu, dos conservadores e reformistas europeus (ECR) e dos Verdes.

Competiam pelo voto final três ativistas de direitos humanos e do meio-ambiente brasileiros, incluindo Marielle Franco, assassinada em 2018.

Tohti foi, também, galardoado com o prémio dos direitos humanos Václav Havel no dia 30 de setembro deste ano.

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