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Casa Branca nega ter sido partilhada informação confidencial no grupo onde estava um jornalista

Gabriela Ângelo 25 de março de 2025 às 17:55

O diretor da revista The Atlantic foi incluido num grupo da plataforma Signal onde estavam vários representantes séniores da administração Trump, como o vice-presidente e o secretário de Defesa. No grupo foram discutidos planos de ataque contra a milícia Houthi no Iémen.

O diretor da revista norte-americana The Atlantic, Jeffrey Goldberg, publicou um artigo na segunda-feira onde conta como foi adicionado, por engano, a uma conversa em grupo na aplicação encriptada Signal, por Michael Waltz, o conselheiro de segurança nacional dos EUA. No grupo, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, o secretário da Defesa, Pete Hegseth, e outros oficiais norte-americanos partilharam planos de guerra, incluindo o ataque à milícia Houthi no Iémen. 

EPA

A Casa Branca já confirmou a história de que Hegseth discutiu os planos dos ataques militares aos Houthi, mas criticou os democratas e os meios de comunicação social porque, apesar da fuga de informação, o ataque mencionado foi bem sucedido. "Trata-se de um esforço coordenado para desviar a atenção das ações bem sucedidas tomadas pelo presidente Trump e pela sua administração para fazer com que os inimigos da América paguem e para manter os americanos em segurança", diz o comunicado.

Questionado por jornalistas a caminho da sua viagem para o Havai sobre o conteúdo das mensagens, Pete Hegseth afirmou que "ninguém estava a enviar mensagens sobre os planos de guerra", chamando Goldberg de um "pseudo-jornalista enganador e altamente desacreditado" por estar "constantemente a criar informações falsas".

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, esclareceu também num comunicado emitido esta terça-feira que que nenhum material confidencial foi enviado para o grupo, atacando o diretor da The Atlantic, chamando-o de "sensacionalista", uma vez que "não foram discutidos planos de guerra". 

Donald Trump já veio em defesa de Michael Waltz, o seu conselheiro de segurança nacional. "Michael Waltz aprendeu uma lição e é um bom homem", disse o presidente norte-americano durante uma entrevista telefónica com a NBC News esta terça-feira. Segundo Trump, a culpa está na equipa de Waltz, "foi uma das pessoas do Michael ao telefone, um funcionário tinha lá o número dele", esclareceu o presidente. 

Esta terça-feira, Tulsi Gabbard, diretora dos serviços secretos nacionais, John Ratcliffe, diretor da CIA (sigla em inglês para a Agência Central de Inteligência), e Kash Patel, chefe do FBI (sigla em inglês para o Departamento Federal de Investigação), deveriam apresentar no senado a sua primeira "Avaliação da Ameaça Mundial" deste segundo mandato de Trump, mas a audiência foi preenchida por um forte questionamento dos democratas sobre a violação de segurança.

Na audiência, Tulsi Gabbard recusou-se a dizer ao senador democrata Mark Warner da Virgínia se estava presente no chat do Signal, afirmando que o assunto está a ser analisado pelo Conselho de Segurança Nacional. John Ratcliffe disse que o Signal tinha sido carregado no seu computador da CIA quando entrou para a agência. "As minhas comunicações, para ser claro, num grupo de mensagens do Signal eram inteiramente permitidas e legais e não incluíam informações confidenciais", explicou. 

Já Kash Patel recusou-se a dizer se já foi aberta uma investigação. "Fui informado sobre o assunto ontem à noite. Não tenho informações actualizadas", disse ao senador Mark Warner.

Durante o seu primeiro mandato, Trump reiterou que Hillary Clinton, a sua opositora democrata, deveria ter sido presa por ter utilizado um endereço de email privado para comunicar com a sua equipa enquanto era secretária de Estado. Em resposta a esta falha de segurança nacional, Clinton republicou o artigo do The Atlantic nas redes sociais, com o comentário "Só podem estar a brincar comigo".

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