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Brasil: Prolongada investigação à interferência de Bolsonaro na Polícia Federal

02 de julho de 2020 às 08:19

Um juiz do Supremo Tribunal Federal brasileiro prorrogou por mais 30 dias um inquérito sobre a alegada interferência do presidente, Jair Bolsonaro, na Polícia Federal.

Um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro prorrogou na quarta-feira por mais 30 dias um inquérito sobre a alegada interferência do Presidente, Jair Bolsonaro, na Polícia Federal (PF).

Esta é a segunda vez que o magistrado Celso de Mello amplia o prazo das investigações, sendo que a última vez ocorreu em 08 de junho, quando foram adicionados 30 dias.

Na decisão, o juiz indicou que concedeu um novo prazo tendo em conta a realização de "diligências investigatórias ainda pendentes".

O depoimento de Jair Bolsonaro no inquérito é uma das diligências pendentes, solicitado pela Polícia Federal na semana passada.

"Informo a vossa excelência que as investigações se encontram em estágio avançado, razão pela qual nos próximos dias torna-se necessária a oitiva [audição] do senhor Jair Messias Bolsonaro, Presidente da República", escreveu na ocasião a delegada Christiane Correa Machada, coordenadora do Serviço de Inquéritos Especiais da PF, num ofício enviado a Celso de Mello.

Contudo, o juiz do STF ainda aguarda uma posição da Procuradoria-Geral da República sobre o eventual depoimento de Bolsonaro no inquérito, que poderá ser prestado por escrito ou presencialmente.

Em causa está um inquérito aberto em abril pelo STF, a pedido do procurador-geral da República brasileiro, Augusto Aras, após o ex-ministro da Justiça Sergio Moro ter acusado Bolsonaro de "interferência política na Polícia Federal", na sequência da demissão do ex-chefe daquela instituição Maurício Valeixo.

Na ocasião, Moro afirmou que Bolsonaro exonerou a liderança da Polícia Federal porque pretendia ter acesso a investigações judiciais, algumas das quais a envolver os filhos ou aliados.

"O Presidente disse-me, mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contacto pessoal dele [para quem] ele pudesse ligar, [de quem] ele pudesse colher informações, [com quem] ele pudesse colher relatórios de inteligência. Seja o diretor [da Polícia Federal], seja um superintendente", declarou Moro, quando pediu a demissão no final de abril.

No início de maio, o procurador-geral do Brasil pediu a audição de ministros, de uma deputada, e de delegados, assim como o registo de reuniões de Governo, para apurar as acusações de Moro.

Agora, a Polícia Federal considera necessário ouvir também Jair Bolsonaro, principal visado no inquérito.

A Polícia Federal é um órgão autónomo, subordinado ao Ministério da Justiça, embora o diretor seja nomeado pelo Presidente da República.

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