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Benny Gantz, o homem do centro, abandona governo de Israel

Ana Bela Ferreira 10 de junho de 2024 às 15:14

Anúncio da demissão esteve para ser feito no sábado, mas a operação de resgate de quatro reféns adiou a decisão. Sai de cena o político mais moderado que defende um caminho para uma solução de dois estados com a Palestina.

Benny Gantz, ministro do gabinete de guerra do governo de emergência de Israel, anunciou no domingo à noite a sua demissão. O anúncio do centrista esteve para ser feito no sábado, mas acabou adiado por causa daoperação de resgate de quatro refénsisraelitas de Gaza.

REUTERS/Nir Elias

No rescaldo dos ataques do Hamas a 7 de outubro ao território israelita, Benny Gantz sentiu que era seu dever juntar-se ao esforço de guerra. "Esta não é uma parceria política", disse quando se juntou ao governo de Benjanim Natanyahu o antigo general, mas "é o destino". "O Hamas começou a guerra, mas Israel vai vencê-la. Não há dúvidas sobre isso. Vamos ganhar esta guerra", afirmou há oito meses.

A confiança nestas promessas parece agora ter-se dissipado. Depois de vários desentendimentos com o primeiro-ministro e os partidos religiosos extremistas da sua coligação, Gantz atirou a toalha ao chão e saiu. O anúncio acontece três semana depois de ter estabelecido um prazo para que Netanyahu apresentasse uma estratégia clara para o pós-guerra em Gaza.

Mesmo antes deste prazo, as desavenças com o resto do executivo eram cada vez mais evidentes. Havia discussão em relação à liderança das forças armadas e em relação ao caminho para uma solução de dois estado com os palestinianos. Em abril tinha apelado à marcação de eleições legislativas em setembro, mas o pedido foi rejeitado.

A sua saída deixa o governo de emergência ainda mais virado para os extremos e representa a saída de um dos poucos elementos em quem os oficiais norte-americanos ainda confiavam para uma solução pacífica do conflito. Porém, o seu futuro político não é agora claro. A vantagem que o seu partido centrista tinha sobre Netanyahu diminuiu e a maioria parlamentar que suporta o governo ainda se apresenta sólida.

Filho de um sobrevivente do Holocausto


O antigo paraquedista, cresceu num kibutz, sendo filho de um sobrevivente do Holocausto. Passou grande parte da sua vida profissional no exército, onde comandou a unidade de elite de comandos Shaldag e chegou a chefe de Estado-Maior do Exército em 2012. Neste cargo supervisionou uma operação de oito dias na Faixa de Gaza que começou com o assassinato do chefe da ala militar do Hamas em Gaza.

Foi ministro da Defesa do anterior governo e, durante meses, as suas capacidades militares, aliadas à sua oposição à campanha divisionista de Netanyahu para reduzir os poderes dos tribunais no ano passado, fizeram dele uma escolha natural para liderar um futuro governo de oposição ao atual primeiro-ministro.

Em relação à Palestina tem-se mostrado muito mais aberto a um acordo político do que os líderes que suportam o atual governo. Apesar da desconfiança de alguns líderes palestinianos, Benny Gantz já afirmou em diversas ocasiões a necessidade de se entenderem. "Ninguém vai sair daqui", disse.

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