Secções
Entrar

Alemã membro do Estado Islâmico presa por manter escrava yazidi por três anos

Débora Calheiros Lourenço 22 de junho de 2023 às 09:41

Durante o processo ficou claro que a mulher, identificada como Nadine K, encorajava o seu marido a violar e a espancar a vítima, que terá sofrido abusos entre 2016 e 2019, enquanto o casal vivia na Síria e no Iraque.

Uma alemã que se juntou ao Estado Islâmico foi condenada a nove anos de prisão por manter uma mulheryazidicomo escrava, além disso foram também considerados por crimes contra a humanidade e por pertencer a uma organização terrorista estrangeira.

Getty Images

Durante o processo ficou claro que a mulher, identificada como Nadine K, encorajava o seu marido a violar e a espancar a vítima, que terá sofrido abusos durante três anos, enquanto o casal vivia na Síria e no Iraque.

Já em janeiro, quando o julgamento se iniciou, os procuradores defenderam que os abusos seguiam "o propósito declarado do Estado Islâmico de acabar com a féyazidi".

Osyazidissão uma minoria religiosa da região de Sinjar, no norte do Iraque, que em 2014 foi invadida pelos combatentes do Estado Islâmico com o objetivo de perpetuar uma campanha genocida, como a ONU já a classificou.

Milhares de homens e crianças com mais de 12 anos foram assassinados após receberem um ultimado de que se deveriam converter ou seriam mortos e estima-se que cerca de sete mil mulheres e jovens foram vendidas, escravizadas e sujeitas a abusos.

Entre essas jovens encontra-se a vítima deste caso que, segundo os procuradores, terá servido de escrava entre 2016 e 2019, altura em que Nadine K e o seu marido se mudaram para a cidade de Mosul, também no norte do Iraque.

De seguida o casal mudou-se para a Síria para se juntar ao Estado Islâmico, a jovem de 20 anos acompanhou-os. Em 2019 Nadine K e a família foram capturados pelas forças curdas na Síria e o ano passado foi repatriada para a Alemanha, onde foi presa.

Durante o julgamento a alemã negou ter coagido a vítima mas admitiu que poderia ter feito mais pela sua segurança. A vítima testemunhou durante o julgamento e esteve presente no tribunal de Koblenz, na parte ocidental da Alemanha, na quarta-feira para ouvir o veredicto.

Nos últimos anos têm aumentado os julgamentos na Alemanha contra ex-membros do Estado Islâmico acusados de matar ou abusaryazidis. Em outubro de 2021 uma mulher foi condenada a 10 anos de prisão por ter assassinado uma criançayazidique ela e o marido teriam comprado como escrava.

Foi também um tribunal alemão a emitir a primeira decisão, a nível mundial, em que os crimes do Estado Islâmico contra o povoyazidiforam considerados como genocídio.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela