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Chanceler austríaco investigado por alegado caso de suborno e corrupção

Lusa 06 de outubro de 2021 às 21:21

Sebastian Kurz terá utilizado dinheiros públicos para pagar ao Österreich, um diário sensacionalista de Viena, para que publicasse sondagens e artigos favoráveis ao seu partido, o ÖVP.

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, está a ser investigado por um alegado caso de suborno em que terão sido utilizados dinheiros públicos para pagar a um diário sondagens que beneficiavam o seu partido, anunciou hoje a procuradoria anticorrupção.

Sebastian Kurz Reuters

A procuradoria austríaca confirmou em comunicado a abertura de uma investigação contra Kurz e outras nove pessoas, também dirigidas a entidades jurídicas, perante a suspeita de um caso de desfalque e suborno.

Os fiscais da procuradoria suspeitam que o Ministério das Finanças tenha pago entre 2016 e 2018 ao Österreich, um diário sensacionalista de Viena, para que publicasse sondagens e artigos favoráveis ao Partido Popular austríaco (ÖVP, no poder) e ao próprio Kurz, então responsável pelos Negócios Estrangeiros e que tentava na ocasião ascender à liderança do partido.

Segundo a procuradoria, seriam "sondagens exclusivamente partidaristas, por vezes manipuladas, de uma empresa de estudos de opinião, que foram usadas no interesse de um partido político e dos seus altos funcionários".

O Österreich (Áustria, em alemão) terá publicado os resultados das sondagens sem especificar que se tratava de publicidade, e usando inclusive esses dados nos seus editoriais.

A procuradoria indica que, em troca destes "favores", foram efetuados pagamentos à empresa editorial do jornal, que possui outros ‘media’, no âmbito de acordos de cooperação publicitária.

Estes pagamentos foram em grande medida uma "contraprestação à possibilidade dada aos acusados de influir na cobertura editorial desse meio de comunicação", assinalou a procuradoria.

Segundo o diário liberal Der Standard, a procuradoria anticorrupção considera que Kurz era uma "pessoa central" e que parte desta operação tinha como principal objetivo beneficiar o então chefe da diplomacia.

O ÖVP, que lidera desde 2020 uma coligação na Áustria com os ecologistas Os Verdes, rejeitou as acusações, que atingem vários ministros e o atual titular das Finanças, Gernot Blümel, que terão por objetivo "prejudicar" estas formação política e o seu líder.

O Österreich também negou hoje em comunicado qualquer prática incorreta, assegurando tratar-se de um "mal-entendido" pelo facto de ser habitual publicar sondagens políticas, enquanto os estudos e sondagens encomendados pelas Finanças não têm qualquer relação com as que divulgou.

Os problemas de Kurz com a Justiça não se limitam a este caso, divulgado quando o chefe do Governo participa, na vizinha Eslovénia, na cimeira de líderes da União Europeia sobre os Balcãs.

O jovem chanceler, 35 anos, é acusado de falso testemunho perante a comissão parlamentar que investiga o "caso Ibiza", um escândalo de corrupção que em maio de 2019 fez cair a coligação que Kurz então liderava com o partido ultranacionalista FPÖ.

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