A complicada categorização do vinho do Porto - um enigma que a indústria ainda tem dificuldades em explicar ao consumidor de forma clara e acessível - torna a escolha da garrafa ideal um processo complicado. Fizemos a nossa própria tentativa de descodificar as suas principais categorias, mas o resumo é este: Tawny são vinhos de forte influência da madeira, com notas de caramelo, especiarias e frutos secos; Ruby demarcam-se pela frescura, exalando frutos vermelhos e pretos jovens ou, com mais anos, maduros; Brancos podem ir do leve, fresco e aromático ao deliciosamente complexo, dependendo da idade.
A esmagadora maioria dos vinhos do Porto com que se vai cruzar encaixam-se numa destas três categorias, mas, se o objetivo é não gastar muito numa garrafa, é preciso cuidado: a maior parte destes vinhos são loteados de diferentes colheitas, e fazem anos de estágio antes de chegarem ao mercado, um processo que pode (deveria) ser dispendioso para o produtor. Se um Tawny for demasiado barato, é provável que não valha a pena ser bebido.
Há, no entanto, uma subcategoria dentro dos Ruby que ocupa um espaço interessante. Prezados pelos admiradores de fruta, fineza e elegância, os melhores Ruby são classificados como LBV (late-bottled vintage) e, no topo da cadeia, Vintage, chegando a ultrapassar a centena de euros de valor. Abaixo destes estão os Reserva, os melhores dos quais entregam uma porção substancial do perfil dos Ruby superiores por uma porção mais simpática do preço.
Envelhecidos a madeira mas preservando muita da fruta primária do mosto, há muitos Reservas, ou Ruby Reserve, que valem a pena por um preço que não se aplica normalmente a vinhos do Porto de qualidade: o Churchill's Ruby Reserve, o Manoella Ruby Finest Reserve, ou o Graham's Six Grapes são todos opções que faz bem em considerar, todos em torno da gama dos €15. A melhore relação preço-qualidade que encontrámos, no entanto, foi o Cockburn's Special Reserve, uma versão digna deste Porto que custa perto de €10.
Feitos, como todos os vinhos do Porto, para serem bebidos frescos, estes vinhos têm o benefício acrescido da versatilidade: a sabedoria comum recomenda que sejam acompanhados de queijos, chocolates ou sobremesas de frutos vermelhos (com que a generalidade dos Ruby combinam na perfeição), mas experimente também emparelhá-los com massas com molho ou mesmo carnes vermelhas e não sairá desiludido.
"Um vinho para o fim de semana" é uma rubrica semanal em que lhe sugerimos, todos os sábados, uma referência para provar ao longo do fim de semana - uma rubrica a cargo do jornalista da SÁBADO Pedro Henrique Miranda.
