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Novo Banco fecha 2016 com €788,3 milhões de prejuízo

Os dados foram revelados hoje pela instituição, Resultados são menos negativos que em 2015

O Novo Banco teve prejuízos de 788,3 milhões de euros em 2016, o que compara com o resultado consolidado negativo de 929,5 milhões de euros registado em 2015, divulgou hoje a instituição.

O banco que resultou da resolução do Banco Espírito Santo (BES) justificou os resultados com o "elevado nível de provisionamento" feito no ano passado, que atingiu os 1.374,7 milhões de euros.

A maior parte das provisões foram para crédito problemático, no valor de 672,6 milhões de euros, tendo sido ainda provisionados 315,9 milhões de euros para títulos e 98,2 milhões de euros para custos com o processo de reestruturação em curso (que inclui cortes de trabalhadores e de balcões).

Já o resultado operacional do grupo Novo Banco (antes de imparidades e impostos) foi positivo em 386,6 milhões de euros, acima dos 125 milhões de euros de 2015, sublinhou a instituição liderada por António Ramalho, que considera que este resultado é "demonstrativo da [sua] capacidade de geração de receitas".

O banco destacou ainda a melhoria do produto bancário em 11,1% para 977,5 milhões e a redução dos custos operativos em 21,7% para 590,9 milhões de euros.

Em termos de balanço, o Novo Banco reduziu o crédito a clientes em 2016 em 3,7 mil milhões de euros, o que justifica com a "prossecução do processo de desalavancagem do balanço, sobretudo nas operações internacionais, com "a transferência para activos em descontinuação do BESV e do NB Ásia".

O banco tinha em 2016 um rácio de crédito vencido (mais de 90 dias) de 17% (acima dos 14,5% de 2015), de crédito em incumprimento de 18,7% (acima dos 15,8% de 2015) e de crédito em risco de 25,6% (acima dos 22,8% de 2015).

Já nos depósitos, a queda foi de 1,8 mil milhões de euros comparando o final de 2016 com o final de 2015, um movimento que instituição diz que "não foi alheio à retransmissão de obrigações para o ['banco mau'] BES".

Por fim, quanto aos rácios de capital (indicadores de solvabilidade), o rácio CET1 era no final de 2016 de 12,0%, abaixo dos 13,5% de Dezembro de 2015.

Em 31 de Março, foi assinado o contrato de promessa de compra e venda entre o Fundo de Resolução e o fundo norte-americano Lone Star, para a alienação de 75% do Novo Banco, mantendo o Fundo de Resolução 25%.

A Lone Star não pagará qualquer preço, tendo acordado injectar 1.000 milhões de euros no Novo Banco para o capitalizar, dos quais 750 milhões quando o negócio for concretizado e os outros 250 milhões até 2020.

Já o Fundo de Resolução ficou com a responsabilidade de compensar o Novo Banco por perdas que venham a ser reconhecidas com os chamados activos 'tóxicos' e alienações de operações não estratégicas, caso ponham em causa os rácios de capital da instituição, no máximo de 3,89 mil milhões de euros.

A maior parte desses activos estão já no chamado side bank, cujos resultados o Novo Banco divulgou hoje. "No que se refere ao 'Side Bank', ou seja, os activos não estratégicos do Grupo Novo Banco, o seu valor era de 8.737 milhões de euros, líquido de provisões, em 31 de Dezembro de 2016 (10.843 milhões de euro a 31 de Dezembro de 2015)", refere a entidade.

A concretização do negócio de venda do Novo Banco ainda está sujeita a três condições que, caso não sejam cumpridas, implicam uma nova ronda de negociações. Mantém-se ainda o risco de o banco ser liquidado.

São necessárias, desde logo, as autorizações da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu e ainda a troca de obrigações seniores com vista a poupar 500 milhões de euros. Isso implicará penalizações para os detentores dos cerca de 3.000 milhões de euros destes títulos 'vivos' no balanço do Novo Banco.

Para já, com o contrato de promessa de compra e venda foi conseguido que desaparecesse o prazo de 02 de agosto de 2017 para o banco ser vendido ou liquidado, existindo agora o prazo indicativo até ao final deste ano para a venda ser concretizada, mas que pode ser dilatado.