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X foi alvo de "ciberataques maciços". Quem são os hackers por detrás deste acontecimento?

Luana Augusto , Diogo Barreto 11 de março de 2025 às 14:26

Elon Musk afirmou que o ataque tinha tido origem na Ucrânia. A rede social esteve sob ataque durante o dia de ontem.

A rede social X (antigo Twitter) esteve em baixo na segunda-feira para milhares de utilizadores. Segundo Elon Musk, tratou-se de um "ciberataque maciço" que teria tido origem na Ucrânia. Esta terça-feira um grupo pró-Palestina reivindicou o ciberataque.  

ALLISON ROBBERT/Pool via REUTERS/File Photo

"Houve (e está a haver) um ciberataque maciço contra o X. Somos atacados todos os dias, mas isto foi feito com muitos recursos. Ou [foi] um grupo grande e coordenado e/ou um país está envolvido", escreveu Musk numa publicação ao informar que o ataque está a ser investigado. Mais tarde, em entrevista à Fox News, o maior acionista do X disse: "Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas houve um ciberataque maciço para tentar derrubar o sistema do X, com endereços de IP originários da região da Ucrânia".

Entretanto o ataque foi reivindicado por um grupo de ativistas pró-palestiniano conhecido como Dark Storm (Tempestade Negra). Em declarações à agência noticiosa Associated Press, o especialista Nicholas Reese explicou que esta possibilidade faz mais sentido do que ter sido um ataque lançado pelo estado ucraniano. O professor afirmou que, dada a curta duração destes ataques, "não faz muito sentido" que o responsável seja um qualquer estado.

"Há dois tipos de ciberataques - aqueles criados para darem nas vistas e aqueles levados a cabo de forma muito discreta. E, normalmente, os mais valiosos são os mais discretos. Algo como [o ciberataque ao X] foi feito para ser descoberto. Por isso, para mim isso elimina certamente estados. O valor que ganhassem disto é bastante baixo", disse Reese à AP.

Quando se tentava abrir o X as páginas ficam a carregar ou exibem a mensagem: "Ocorreu um erro. Tente recarregar a página". Segundo o DownDetector, a plataforma online que rastreia, em tempo real, as interrupções em serviços e sites populares, 56% dos problemas foram registados na aplicação X, enquanto 33% foram registados na versão para desktop ao longo do dia.

O professor adjunto notou ainda que "não é possível comprovar" as acusações de Musk sem verificar os dados técnicos da rede social X, mas considera que há uma probabilidade muito reduzida de o multimilionário partilhar essas informações publicamente.

Uma fonte que falou à agência noticiosa Reuters sob condição de anonimato, detalhou que o X enfrentou várias dificuldades pelo menos desde as 9h45 de segunda-feira. 

Em causa terá estado um ataque DoS. Este tipo de ciberataques ocorre quando se sobrecarrega um site com várias tentativas de acesso. Não são ataques sofisticados, mas podem causar interrupções significativas como aconteceu com o X.

Quem são os hackers por detrás do "ciberataque"? 

O Dark Storm é um grupo de hackers pró-palestiniano, conhecido pelos seus ataques contra governos e organizações conhecidas por apoiarem Israel, segundo a empresa de cibersegurança Check Point. Fundado em 2023, as suas operações incluem ataques de DDos.

"Eles tendem a ir atrás desses ataques de alto-perfil", disse Muhammad Yahya Patel engenheiro-chefe de segurança da Check Point, citado pela Sky News. "O principal mantra é causar a interrupção de serviços, em grande parte relacionados com conexões do governo e da NATO."

Em fevereiro de 2024, o Dark Storm ameaçou os países da NATO e os seus aliados, apoiantes de Israel, com ciberataques. Já em outubro do mesmo ano, o grupo reivindicou um ataque contra infraestruturas norte-americanas, incluindo o Aeroporto Internacional John F Kennedy. Além destes ataques, o Dark Storm já havia lançado também outros contra hospitais.

Ao que se sabe, o grupo não costuma exigir resgates após os ataques. Ele é bastante claro quanto às suas motivações políticas.

"Iremos atacar qualquer país (...) que apoie a entidade ocupante", lia-se numa mensagem do grupo, datada do ano passado, que foi publicada no Telegram e partilhada pela SecurityScorecard.

Contudo, o Dark Storm não é completamente motivado pelas crenças políticas. O grupo também vende serviços de ciberataques em troca de lucro.

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