Secções
Entrar

Uber lança serviço de e para mulheres meses após travão a TVDE exclusiva para sexo feminino

Jornal de Negócios 02 de julho de 2025 às 11:06

Nova funcionalidade arranca para a semana. Surge pouco mais de meio ano depois de o IMT ter proibido a Pinker, plataforma TVDE exclusiva para mulheres, de operar por ser discriminatória.

AUber vai lançar um serviço que oferecea possibilidade às utilizadoras de viajarem apenas com motoristas mulheres e às condutoras a de transportarem exclusivamente passageiras do sexo feminino. Denominado "Women Drivers" começa a funcionar na próxima semana em Lisboa.

A nova funcionalidade, apresentada esta quarta-feira aos jornalistas, "responde a um desejo claro de muitas motoristas e utilizadoras e representa também uma oportunidade para que mais mulheres se sintam motivadas a conduzir com a Uber", segundo o general manager da Uber em Portugal, Francisco Vilaça.

"Ao permitir que escolham quem as transporta ou quem transportam, estamos a tornar o setor mais inclusivo, representativo da população e atrativo para mulheres", considera.

A nova opção vai estar acessível todos os dias da semana, através da app, sem qualquer custo adicional, sendo "100% flexível", tanto para motoristas como para passageiras, na medida em que pode ser ativada e desativada a qualquer momento. A Uber ressalva, no entanto, que durante a fase-piloto, a decorrer em Lisboa, a disponibilidade do serviço pode variar consoante o número de motoristas abertas para o efeito.

À luz do plano, o "Women Drivers" vai ser alargado posteriormente a outras cidades. O cronograma "dependerá da procura", mas Francisco Vilaça espera apresentar "bastantes novidades" nos "próximos seis meses". "A ‘timeline’ pode ser variável, mas queremos que seja o mais rápido possível". E a expansão seguirá a rota da dimensão do mercado, indo depois de Lisboa para Porto, Coimbra ou Braga.

Além de apontar que o novo serviço "traz mais opção de escolha às mulheres", a Uber argumenta também que vem "responder a um desafio estrutural do setor da mobilidade", dado que "apenas 9% dos motoristas de TVDE em Portugal são mulheres". "Ao criar condições que proporcionem maior liberdade de escolha, a Uber acredita que esta funcionalidade poderá contribuir para atrair mais mulheres para a atividade, tornando a condução numa opção profissional mais apelativa, flexível e ajustada às diferentes necessidades e preferências de cada mulher", enfatiza.

"É mais uma opção de escolha", diz o mesmo responsável, fazendo o paralelismo com outras modalidades que existem no catálogo da Uber, como a que permite a um utilizador pedir um veículo de gama mais alta ou para ser transportado como sénior ou adolescente.

O lançamento em Portugal surge após a implementação em mercados europeus como França, Alemanha e Polónia, mas também na África do Sul, Argentina e Austrália, "reforçando a aposta global da Uber em criar liberdade de escolha, dando resposta a necessidades concretas e diferenciadas dos seus utilizadores", realça a empresa, com sede na Califórnia, que chegou a Portugal em 2014.

Pinker ajusta abordagem e renasce como Floow

Com efeito, a estreia em Portugal do serviço de e para mulheres também acontece pouco mais de meio ano depois de plataforma eletrónica de TVDE (Transporte de Passageiros em Veículos Descaracterizados) exclusiva para mulheres, por falhar o princípio de não discriminação.

A Pinker assumia como elemento diferenciador perante as concorrentes em Portugal (Uber e a Bolt) a condição de apenas aceitar motoristas do sexo feminino e de ser para uso exclusivo de mulheres. E o problema estará precisamente na distância que separa um serviço exclusivo de um opcional.

A Pinker deixou de estar sob os holofotes mediáticos, após a decisão do IMT, mas não desapareceu do radar, tendo, aliás, renascido com uma "alternativa", denominada de Floow, após ter sido "desafiada a ajustar a a abordagem".

"Desde que a Pinker foi suspensa pelo IMT em novembro de 2024, temos vindo a estudar várias alternativas para resolver esta situação. Considerámos lançar a aplicação noutros países ou aguardar pela decisão judicial dos inúmeros recursos que iniciámos. No entanto, o tempo passa e os problemas de segurança estão a tornar-se cada vez mais graves, sem que consigamos vislumbrar uma solução a curto prazo", lê-se num datado de 1 de março.

Assim, "a nossa decisão foi lançar uma versão alternativa da Pinker, que cumpre as exigências do IMT, enquanto, paralelamente, lutamos nos tribunais para que a nossa aplicação seja lançada no seu formato original", esclarece na mesma nota.

"Não julgamos quem acredita que nos rendemos às imposições do IMT e que nos tornámos apenas 'mais uma empresa no mercado'. Contudo, sem estarmos a operar, não conseguiremos fazer a diferença. A solução que encontrámos foi lançar uma nova aplicação, com um foco na segurança nunca antes visto em Portugal", conclui.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela