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Sindicatos europeus decidem hoje greve de tripulantes de cabine da Ryanair

28 de maio de 2018 às 13:14

Protesto deverá acontecer em Julho ou Agosto.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) está hoje reunido com congéneres europeus para "acertar as datas" da greve europeia de tripulantes de cabine da Ryanair a realizar em Julho/Agosto, disse a direcção à Lusa.

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Foto: Reuters
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"Vamos continuar a reunião realizada a 24 de Abril em Lisboa e tudo indica que iremos acertar as datas para a greve a realizar em Julho e/ou Agosto. Tenho esperança que saia uma data marcada, já", afirmou Bruno Fialho, da direção do SNPVAC, em declarações à agência Lusa à entrada para o encontro, que decorre entre as 11:00 e as 16:30 em Madrid.

Em causa, explicou, está a "falta de compromisso, as condições laborais idênticas em todos os países, que não existem, e as ilegalidades praticadas pela Ryanair ao não aplicar as leis imperativas de cada país na base do tripulante".

"Os motivos são completamente transversais a todos os países. Estamos unidos numa frente única, europeia, contra esta Ryanair que tem que alterar a sua forma de estar no mercado", garantiu.

De acordo com Bruno Fialho, na reunião de hoje os vários sindicatos europeus "irão apresentar os argumentos -- quer legais, quer outros -- para depois se discutir o dia, dias ou meses em que irá ser realizada a greve".

"Isto envolve uma concertação europeia, a nível legal temos aqui bastantes questões para dirimir e não queremos que falhe nada, pelo que esta reunião é de extrema importância para conseguirmos encontrar datas que consigam aproveitar a todos os sindicatos europeus", sustentou.

Conforme explicou, sendo a lei da greve "diferente nos vários países europeus", há que "discutir essas situações burocráticas" de forma a "encontrar datas para que todos consigam realizar a greve europeia dos tripulantes de cabine da Ryanair".

Para o SNPVAC, tendo em conta a reunião de hoje, é "no mínimo estranho" que no domingo "fosse publicada numa primeira página de um jornal diário, com destaque de 'marketing', que a Ryanair está a contratar tripulantes em Portugal".

"Lamentamos que os nossos alertas públicos sobre as ilegalidades cometidas, as más condições de trabalho que oferecem e os contratos que por pouco dinheiro deixam reféns quem não tem dinheiro nenhum não pareçam demover uma estratégia montada e virada para o engano, perpetuada e aceite por quem tem responsabilidades e o poder de informar e esclarecer devidamente o povo português", sustenta.

"Por essa razão -- acrescenta - temos agora uma Europa revoltada e hoje em Madrid segue a revolta que se iniciou em Lisboa e que se propaga por muitos países".

A Ryanair tem estado envolvida numa polémica desde a greve dos tripulantes de cabine em Portugal por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação.

Em 11 de Abril, a presidente do SNPVAC considerou "uma ideia muitíssimo boa" ir a tribunal, depois de a Ryanair ter admitido a possibilidade de processar o sindicato.

"Até acho muito bem que todos vamos a tribunal dirimir este problema em conjunto. Acho que foi uma ideia muitíssimo boa e estamos preparados para isso, com toda a certeza", referiu Luciana Passo à agência Lusa, depois de o presidente executivo da transportadora irlandesa, Michael O'Leary, ter admitido nesse dia um processo face às "falsas alegações" dos sindicalistas.

Desde o início da paralisação de três dias, no período da Páscoa, que o SNPVAC acusou a companhia aérea de violar a lei portuguesa, ao substituir trabalhadores em greve, incluindo com ameaças de despedimento.

O presidente executivo da Ryanair garantiu também, em 11 de Abril, que os trabalhadores da transportadora aérea em Portugal preferem continuar com contratos sob a lei irlandesa, uma vez que ganham mais e têm mais dias de licença maternal.

"Os tripulantes são muito bem pagos. Ganham entre 30 a 40 mil euros por ano, o que é mais do que enfermeiros ou professores em Portugal e estamos muito agradecidos que poucos tenham apoiado a greve no fim de semana da Páscoa, e foi por isso que a greve teve tão pouco sucesso e cancelámos menos de 10% dos nossos voos", notou Michael O'Leary à agência Lusa.

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