Secções
Entrar

OCDE defende que Estado ajude bancos a reduzir malparado mas admite obstáculos

18 de fevereiro de 2019 às 10:56

A OCDE considera que, em conjunto com as medidas que estão a ser tomadas, as "autoridades poderiam considerar um papel mais ativo".

AOCDEdefende que as autoridades públicas deveriam ajudar osbancosa 'limpar' os seus balanços docrédito malparado,pois ainda é elevado apesar de alguns progressos feitos, mas admite que as regras europeias dificultam essa ajuda.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) divulgou hoje o Relatório Económico sobre Portugal (Economic Survey da OCDE -- Portugal 2019), em que, sobre o setor financeiro, destaca o problema do crédito malparado, que considera um "desafio" por ainda continuar elevado, apesar dos "progressos significativos" feitos nos últimos anos, acompanhando também o reforço das exigências da regulação e reformas legais e judiciárias que ajudam a lidar com o problema.

Entre junho de 2016 e junho de 2018, o 'stock' de 'NPL -non-performing loans' (expressão em inglês para crédito malparado) caiu 18 mil milhões de euros, o equivalente a 35%, mas o rácio do malparado ainda é elevado, de cerca de 12%.

A OCDE considera que, em conjunto com as medidas que estão a ser tomadas, as "autoridades poderiam considerar um papel mais ativo" com medidas que facilitem a redução do crédito malparado acumulado, por exemplo, através da criação de empresas de gestão de ativos públicos.

Contudo, admite a instituição sediada em Paris, as regras da União Europeia sobre ajudas de Estado criam muitas barreiras a esse tipo de medidas.

Além disso, acrescenta, as autoridades portuguesas realizaram recentemente um estudo que concluiu que o potencial de transferência de NPL do sistema bancário para uma empresa de gestão de ativos é baixa dadas as características dos ativos em causa.

Quanto aos planos que cada banco tem para reduzir o malparado, considera a OCDE que seria útil para reforçar a credibilidade desses planos que as instituições financeiras comunicassem publicamente os objetivos e os progressos feitos, mas também admite que isso "pode comprometer os preços" a que os bancos vendem as carteiras de malparado, o que considera que deve ser encorajado.

No final do ano passado, os maiores bancos portugueses fizeram vendas de grandes carteiras de crédito malparado, tendo sido a maior -- das comunicadas - a do Novo Banco, que alienou a fundos de investimento 102 mil contratos no valor de 2.150 milhões de euros.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vendeu 850 milhões de euros de NPL e a Caixa Económica Montepio Geral 239 milhões de euros em malparado.

Já o BPI vendeu em novembro uma carteira de crédito 400 milhões de euros e, no total do ano passado, o Santander Totta alienou 1.000 milhões de euros.

Em janeiro, a agência de 'rating' Moody's considerou que os bancos portugueses estão a limpar os seus balanços com maior velocidade e que a tendência se manterá em 2019, mas alertou que, apesar de o volume de NPL estar a descer, "ainda continua a ser um constrangimento importante nos perfis de crédito da maioria dos bancos".

O crédito malparado representava em Portugal cerca de 12% no final de setembro de 2018, ainda bem acima dos 3,4% da média da União Europeia, segundo a Moody's.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela