Já fez as contas às férias? Especialistas financeiros ajudam
Chegada a hora de planear a altura mais antecipada do ano, saiba que cuidados deve ter para poupar sem deixar de aproveitar.
Apesar de ser a altura mais aguardada do ano, ir de férias pode ser uma experiência agridoce. Se o nosso corpo e mente estão prontos para uns dias longe da vida normal, o nosso bolso nem sempre está preparado para o que pode vir: gastos imprevistos, cláusulas ocultas, ou um espírito de "logo se vê" que podem culminar numa conta final muito mais elevada do que a que esperávamos.
É o que diz Sérgio Cardoso, administrador da Academia Doutor Finanças, que afirma, por exemplo, que muitos portugueses contraem créditos para ir de férias, "o que significa que estamos a gastar acima das nossas possibilidades." Caso tenhamos de o fazer, o especialista recomenda que evitemos os cartões de crédito, "o financiamento mais caro em Portugal", e que optemos em vez disso por um crédito pessoal, sempre com "muito cuidado nas condições em que o vão contratar."
É apenas uma de uma série de recomendações a seguir e erros a evitar partilhada pela Doutor Finanças, especializada em formação financeira, e que, segundo Sérgio, se pode resumir a duas áreas essenciais: planeamento e comportamento. "Quanto mais cedo começarmos a planear as férias, melhores condições vamos seguramente conseguir", afirma, tanto a nível de voos e hotéis quanto de "experiências de que queiramos usufruir quando lá estivermos" - idealmente, devemos começar a planear as férias "assim que as marcamos", diz.
Já do lado do comportamento, refere que é importante termos em atenção que, "quando estamos de férias, temos tendência a estar mais relaxados, a pensar que precisamos mesmo de comprar isto ou ir àquele restaurante, e que depois se resolve, e acabamos por não cumprir com o orçamento a que nos propusemos." De acordo com o especialista, devemos ter um orçamento bem definido para as férias - só depois do orçamento familiar global, incluindo casa, carro, alimentação e vida social - e manter-nos fiéis a ele.
Acima de tudo, considera Sérgio, é importante lembrar que "planear dá trabalho, mas começamos a viver as férias muito mais cedo se o fizermos." Um pouco de prevenção, aconselha, permite-nos "antecipar muitos desafios, encontrar alternativas e aumentar significativamente a nossa satisfação", tanto enquanto lá estivermos quanto depois, quando olharmos para o saldo da nossa conta bancária.
Confira as principais dicas para uma boa gestão financeira das suas férias, divididas pelas suas principais áreas.
O Planeamento
É a parte mais importante das férias, e começa com o estabelecimento de um orçamento, que deve ser cumprido à regra caso queira chegar a casa sem preocupações: se gastar mais num dia, procure compensar noutro. Um bom orçamento deve contemplar as seguintes áreas: despesas de alojamento e transporte; refeições, incluindo restaurantes e idas ao supermercado; grandes atividades planeadas, como museus, espetáculos e outras atrações; outras despesas de lazer e bem estar casuais, como idas a bares ou atividades para as crianças; encargos extra, como recordações para familiares, comissões bancárias ou seguros de viagem; e ainda um valor para despesas imprevistas.
Do planeamento deve fazer parte ainda um roteiro turístico realista. Ainda que possamos ter a tendência de querer ver tudo o que há para visitar no nosso destino, estes planos acabam muitas vezes gorados, já que há destinos que requerem semanas para conhecer bem. Planear o qu se quer visitar em cada dia é mais sensato: "Além de aproveitar as suas férias mais tranquilamente, conseguirá poupar algum dinheiro em deslocações e fugir de zonas turísticas onde os preços são mais elevados", diz o Doutor Finanças.
Neste roteiro, é importante fazer uma pesquisa um pouco mais aprofundada para evitar comer em zonas muito turísticas: tal como em Portugal, essas zonas vão cobrar muito mais, sem uma contrapartida equivalente em matéria de qualidade da comida. Não tenha medo de perguntar por locais com boa relação preço/qualidade, e não se esqueça de limitar o número de refeições fora: ao almoço, por exemplo, uma refeição volante pode ser o ideal para tirar o melhor proveito do dia.
A Prevenção
"Embora ninguém queira pensar que algo possa correr mal durante as férias, a verdade é que os imprevistos acontecem. E se estiver protegido, além de conseguir resolver algumas situações mais rápido, pode poupar bastante dinheiro." É importante lembrar que os seguros de viagem cobrem situações como despesas médicas, danos em bagagem, responsabilidade civil, cancelamento da viagem ou incapacidade, e o que parece um custo extra a princípio pode acabar por tornar-se uma proteção contra uma conta bastante mais cara.
Se for de férias para a Europa, outras medida de prevenção que pode tomar com facilidade: a emissão do Cartão Europeu de Saúde, que dá o direito a receber cuidados médicos nos moldes da Segurança Social em todos os países da UE, além de Suíça, Islândia, Liechtenstein, Noruega e Reino Unido. Caso não viaje para o espaço europeu, fique atento ao uso do telemóvel: as taxas de roaming podem ser extremamente elevadas, e a solução poderá passar por manter o aparelho em modo de voo ou comprar um cartão pré-pago.
A Atenção
É, com certeza, a parte mais chata de marcar férias, mas não deixa de ser importante estar atento às letras miúdas, que podem fazer a diferença em tudol, desde o bilhete de avião - certifique-se de que o peso e a dimensão das malas está dentro do permitido pelo bilhete que comprou, ou poderá ter de pagar mais para viajar - até ao simples ato de levantar dinheiro: em países fora da UE, poderá estar sujeito a diversos encargos extra, incluindo taxas de câmbio, comissões de serviço internacional e imposto de selo. A solução poderá passar por trocar o dinheiro que precisa antes da viagem ou, quem sabe, criar uma conta num banco digital que permita câmbios sem taxas.
Outra área que merece atenção é a dos hotéis, particularmente a cada vez mais popular modalidade do "all inclusive", ou tudo incluído. Embora a ideia de pagar tudo à partida e não ter mais preocupações possa parecer aliciante, nem sempre estes hotéis têm, de facto, tudo incluído, e deve confirmar exatamente os serviços a que tem direito para não ser surpreendido na hora do check-out. Esteja ainda atento às modalidades de transporte a que vai recorrer no seu local de destino: evite apanhar táxis desnecessários (transportes públicos são sempre a opção mais económica), ou alugar um carro por mais tempo do que o que for estritamente necessário - pode nem sempre precisar dele dentro da cidade.
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