Secções
Entrar

Empresa de Hong Kong vende portos do Canal de Panamá a americanos

Débora Calheiros Lourenço 05 de março de 2025 às 17:52

Desde que Trump voltou à Casa Branca já referiu várias vezes que quer voltar a controlar o Canal do Panamá, no entanto, Frank Sixt, codiretor administrativo da CK Hutchison, afirmou que "a transação é de natureza puramente comercial e totalmente independente das notícias políticas recentes sobre os portos do Panamá".

Uma empresa sediada em Hong Kong concordou em vender a maior parte da sua participação em dois dos mais importantes portos do Canal do Panamá a um grupo liderado pela empresa de investimentos norte-americana BlackRock.  

REUTERS/Enea Lebrun

A venda ocorre semanas depois do presidente Donald Trump ter afirmado que o Canal estava sob controlo chinês e que deveriam ser os Estados Unidos a controlar a passagem entre o oceano Atlântico e o Pacífico, uma vez que foram os construtores.

Até ao momento a CK Hutchison Holding operava dois portos, um em cada uma das entradas do Canal do Panamá, mas a empresa referiu na terça-feira que vai vender as suas participações como parte de um acordo com a BlackRock no valor de 22,8 mil milhões de dólares (21,3 mil milhões de euros). 

CK Hutchison, que opera no Canal do Panamá desde 1997, foi fundada pelo milionário Li Ka-shing e não é propriedade do governo chinês. Porém, tem a sua sede em Hong Kong, o que significa que é obrigada a operar sob as leis financeiras chinesas.

O acordo entre as duas empresas incluiu um total de 73 portos em 23 países, mas tendo em conta a inclusão dos dois portos no Panamá necessita de ser aprovado pelo governo local. Quando anunciou o acordo, Frank Sixt, codiretor administrativo da CK Hutchison, afirmou: "Quero reforçar que a transação é de natureza puramente comercial e totalmente independente das notícias políticas recentes sobre os portos do Panamá".  

O Canal do Panamá tem cerca se 82 km de extensão, e foi construído no início dos anos 1900. Por lá passam cerca de 14 mil navios por ano, incluindo porta-contentores que transportam carros, gás natural e outros produtos, além de embarcações militares. 

Os Estados Unidos foram o primeiro país a ter o controlo do Canal, e manteve-a até 1977, altura em que vários tratados passaram o controlo de volta ao Panamá, depois sucedeu-se um período de controlo conjunto e em 1999 o Panamá assumiu o controlo total. 

Desde que voltou à Casa Branca, Trump já referiu várias vezes que quer voltar a controlar o canal uma vez que considera a influência chinesa na zona como uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos, considerando ainda que o investimento dos Estados Unidos na construção inicial justifica a retoma do controlo. 

O Panamá tem rejeitado esta ideia e o presidente José Raúl Mulino disse que o Canal "está e permanecerá" nas mãos do país centro-americano.  

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela