Secções
Entrar

Aeroporto do Montijo foi decisão da ANA

26 de junho de 2019 às 14:48

O ex-presidente do LNEC afirmou que o futuro aeroporto do Montijo não partiu de uma decisão do Governo, mas sim da concessionária ANA - Aeroportos de Portugal.

O ex-presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) Carlos Matias Ramos considerou hoje, em Lisboa, que o futuro aeroporto doMontijo, Setúbal, não é uma decisão do Governo, mas sim da concessionáriaANA- Aeroportos de Portugal.

Matias Ramos falava à agência Lusa após uma delegação da Plataforma Cívica Aeroporto BA6 Não ter entregado um documento, com posições contra a construção do aeroporto na Base Aérea do Montijo, ao secretário de Estado adjunto e da habitação, Alberto Souto de Miranda, no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, emLisboa.

"Não é uma decisão estratégica do Governo, a longo prazo, dos interesses do país. Mas sim da concessionária [ANA - Aeroportos de Portugal] que tem a faca e o queijo na mão por um contrato que lhe foi altamente benéfico", realçou o também antigo bastonário da Ordem dos Engenheiros.

De acordo com Matias Ramos, oGovernoestá preso a um contrato celebrado com a concessionária.

"[O secretário de Estado] Percebe isto. Mas está manietado por um contrato", indicou.

Para o antigo bastonário, a reunião com o Governo foi muito positiva da parte relacional com os cidadãos, mas ficaram algumas dúvidas por tirar no campo operacional.

"Nós defendemos aqui o que temos vindo a defender de uma forma séria e rigorosa, pedindo que nos mostrem os estudos que dizem que têm, que nunca mostraram", precisou Matias Ramos, lamentando não haver consideração pelo Campo de Tiro de Alcochete, como solução.

O antigo presidente do LNEC lembrou ainda que cerca de 30 mil pessoas vão ser afetadas, no Montijo, problema que, segundo o mesmo, poderia ser resolvido com a escolha do Campo de Tiro de Alcochete, que afetará cerca de 400 habitantes.

"Ali [Alcochete] não tem limitações de espaço de expansão, porque não tem povoações ao lado como o Montijo. Cerca de 30 mil pessoas vão afetadas. No Campo de Tiro de Alcochete, são 400. E com 400 consigo resolver o problema", sublinhou.

Citando projeções das taxas de crescimento e número de passageiros mundiais, Matias Ramos considerou que o Montijo vai saturar em 2033 ou 2035.

"A solução Portela mais Montijo saturará por volta de 2033, 2035... O aeroporto vai ser construído, teoricamente, em 2020. Isso significa cerca de quatro anos de concessão. Vamos construí-lo para 10 anos de operação", disse.

Após cerca de duas horas de reunião, o ex-presidente do LNEC reiterou que a posição da Plataforma Cívica é a não construção de um aeroporto no Montijo, e que a decisão devia ser clara às populações.

"A nossa posição é Montijo não. A decisão [do Governo] devia ser baseada em coisas claras transmitas à população e não em falácias", anotou, recordando que "o Estado está limitado a situações que são impostas pelo próprio contrato".

A ANA e o Estado assinaram em 08 de janeiro o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo no novo aeroporto de Lisboa.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela