Campeão da 3.ª divisão pelo Fátima em 2008-09 e vencedor da Taça de Portugal pelo Vitória SC em 2012-13, a figura de Rui Vitória dá o salto mais apetecível da sua carreira em Junho 2015. Estamos em plena Feira do Livro, no Parque Eduardo VII, e a conversa é só sobre bola. Quem sai, quem entra. No dia 3, tudo se decide num par de horas: Jesus troca o Benfica pelo Sporting e Rui Vitória sai de Guimarães para embarcar numa aventura de sonho.
A estreia corre-lhe mal, a 9 Agosto. É a Supertaça portuguesa e ganha o Sporting de Jesus por 1-0. No jogo seguinte, o primeiro em casa, o Estoril aguenta o 0-0 até aos 73 minutos. Acaba 4-0. Normal, vá. Uma semana depois, cai o carmo e a trindade com o 1-0 do Arouca em Aveiro. O Benfica ainda patina umas quantas vezes até final do ano, sobretudo com o Sporting: 3-0 na Luz (está a sete pontos do primeiro lugar, à 9.ª jornada) e 2-1 após prolongamento em Alvalade (adeus Taça de Portugal). Quando dobra o ano, Rui Vitória está em terceiro lugar, a quatro pontos do Sporting. Curiosidade: acumula três derrotas, como agora.
E agora? È dar a volta ao texto e tudo começa com o Tondela de Petit: 2-2 em Alvalade. O Benfica aproxima-se novamente com o 0-0 do Sporting em Guimarães e salta para a liderança isolada, com dois pontos de avanço, com a preciosa ajuda do solitário 1-0 de Mitroglou em Alvalade. Como se isso fosse pouco, Benfica e Sporting ganham os últimos oito jogos. É um final de época do mais épico que há e o Benfica celebra o tricampeonato com um recorde de 88 pontos. É também o melhor ataque da prova, com 88 golos (em matéria de golos sofridos, 22 contra 21 do Sporting). O aparecimento de jovens como Ederson, Nélson Semedo, Lindelof e Renato Sanches enchem o benfiquismo de orgulho. Sobretudo porque a campanha europeia é visivelmente satisfatória. O 2-1 em Madrid (ainda hoje a única derrota de Simeone em casa na Liga dos Campeões) anima a malta e o apuramento é uma realidade incontornável. Ultrapassado o Zenit nos oitavos, com duas vitórias (1-0 na Luz, 2-1 em São Petersburgo), o Benfica só cai com o Bayern de Guardiola, nos quartos.
Na época seguinte, o sonho do tetra é mais que possível. Até porque Sporting e Porto arrancam mal. O Benfica só perde pela primeira vez à 13.ª jornada e é campeão de inverno nas calmas, com quatro pontos de avanço sobre o Porto. Pelo meio, a Liga dos Campeões é um desastre inenarrável: zero pontos e só um golo marcado em seis jogos, num grupo em que apanha 7-0 do Basileia (cinco na Suíça, dois na Luz). A segunda volta da 1.ª divisão é um passeio por assim dizer e o título carimba-se num dia histórico, o da visita do Papa Francisco a Fátima e também o da vitória de Salvador Sobral no EuroFestival da Canção. Na Luz, 5-0 ao Vitória SC. Duas semanas mais tarde, as mesmas duas equipas aparecem no jamor para discutir a Taça de Portugal. Dá dobradinha, a 11.ª na história do Benfica. O céu é o limite, fala-se no penta.
O Porto, único clube português com cinco títulos seguidos (1995-1999), cerra os dentes e vai buscar Sérgio Conceição ao Nantes. E é, de facto, o único rival à altura do campeão em título. Os dois andam ali um atrás do outro, com mais superioridade do FCP. Acontece que o campeonato dá uma volta inesperada na Páscoa, quando o Benfica ganha ao Vitória SC na Luz e o Porto perde no Restelo, num clássico de casa cheia à segunda-feira (a adesão maciça dos adeptos portistas é um must). Com dois pontos de vantagem, o Benfica gere a vantagem uma única jornada. A 15 Abril, um golo de Herrera em cima do minuto 90 na Luz garante o primeiro lugar do Porto. O Benfica desanima e perde o caminho do penta num inesquecível 3-2 do Tondela na Luz, o tal jogo em que se vê a fragilidade física do capitão Luisão. Falta agora definir o segundo lugar. O Sporting tem o pássaro na mão (1-1 nos Barreiros) e deixa-o voar. Um remate inofensivo de Ghazaryan, uma pseudo-defesa de Patrício e eis o 2-1 do Marítimo – vai o Benfica para 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões e o Sporting cai para a indesejada Liga Europa.
Começa a quarta época de Rui Vitória, já envolta em polémica. Jonas, sai ou não? O presidente Luís Filipe Vieira ajuda a promover a indecisão numa novela sem pés nem cabeça. Junta-se a vergonhosa questão dos e-mails. E depois a saída repentina de Luisão, já em Setembro. É só autogolos do alto. Vieira gere mal tudo, Rui Vitória gere mal a equipa (que joga entre o assim-assim e o sofrível, sem arte nem imaginação) e também a sua imagem (a conferência de imprensa do rácio é um desastre, a do 1-1 na Vila das Aves sobre a falta de preocupação em relação à exibição idem idem). A saída está próxima. No final da época ou antes? Um autogolo de Rúben Dias e outro de Jardel na derrota por 2-0 em Portimão precipitam o adeus, um mês depois de Vieira ter visto a luz.
Contas feitas, Rui Vitória conquista dois campeonatos nacionais, duas Supertaças, uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga. Em 180 jogos, 123 vitórias, 27 empates e 30 derrotas num aproveitamento de 68,33%. Segue-se Bruno Lage.
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