Raygun. Da Austrália veio uma "estrela" improvável do breaking
Investigadora numa Universidade de Sydney, Rachael Gunn tornou-se viral por causa da sua prestação olímpica. "Todos os meus passos são originais", garantiu.
O breaking estreou-se como desporto olímpico esta sexta-feira, dia 9 de agosto, e uma "estrela" nasceu: Rachael Gunn, a b-girl que representou a Austrália. A sua prestação gerou vários memes nas redes sociais e acabou por deixá-la quase em último lugar. Só ficou à frente da concorrente da equipa olímpica dos refugiados que foi desqualificada.
Mas quem é Rachael Gunn, que dá pelo nome Raygun? A investigadora de 36 anos da Universidade Macquarie em Sydney, Austrália, escreveu vários artigos acerca de breaking e é doutorada em Estudos Culturais. O seu trabalho foca-se em "teoria cultural, investigação de dança, investigação sobre música popular, media e etnografia", lê-se na sua página no site da Universidade. Além disso, é mencionado (sem resultados) que representou a Austrália nos campeonatos mundiais de 2021 (ficou em 42.º lugar ex-aequo, sendo que Portugal e Vanessa Marina ficaram em 19.º lugar), 2022 (73.º lugar, e Portugal ficou em 18.º) e 2023 (64.º lugar, com Vanessa Marina em 16.º).
A australiana acabou por não somar pontos contra Logistx, a concorrente dos EUA, nem contra Sya Dembelé de França, nem contra Dominika Banevic da Lituânia. E face às críticas e piadas online, defendeu-se: "À espera do mesmo nível de escrutínio sobre o que os b-boys vão usar amanhã", escreveu, em relação às críticas acerca da roupa. A b-girl optou por usar o equipamento olímpico australiano, o que fez com que a comparassem a um árbitro de ténis.
Mais tarde, publicou um post no Instagram em que se lê: "Não tenham medo de serem diferentes. Vão lá para fora e representem quem são, nunca se sabe onde é que isso vos vai levar."
"Todos os meus passos são originais", referiu a atleta olímpica ao jornal The Guardian. "A criatividade é realmente importante para mim. Vou para ali e mostro a minha arte. Às vezes chega aos jurados, e às vezes não. Eu faço a minha cena, e isso representa arte. É isso que se trata. O que eu queria era chegar e fazer algo novo e diferente e criativo - é essa a minha força, a minha criatividade", frisou.
"Nunca ia bater aquelas atletas no que melhor fazem, a dinâmica e os power moves, por isso quis mover-me de forma diferente, ser artística e criativa porque quantas oportunidades temos de o fazer na vida num palco internacional. Sempre fui o underdog e quis deixar uma marca de forma diferente", sublinhou.
A investigadora australiana é uma grande defensora do breaking nos Jogos Olímpicos, apesar de a modalidade já ter sido eliminada dos próximos Jogos de Los Angeles, em 2028. "A visibilidade e legitimidade que virão com [o breaking] tornar-se um desporto olímpico vai expandir as oportunidades profissionais para os breakers. Isto é particularmente significativo para uma atividade tão diversificada como breaking", escreveu na revista The Economist. "O breaking dá uma oportunidade de explorar o caráter 'mais rápido, mais alto, mais forte' dos Jogos Olímpicos em novas maneiras."
Atrás de Raygun, só ficou a atleta Manizha Talash, da equipa olímpica dos refugiados, que nasceu no Afeganistão antes de fugir por causa do regime talibã. Foi desqualificada por ter usado um casaco em que se lia "Libertem as mulheres afegãs".
A primeira competição olímpica de breaking acabou com a b-girl 671 (Liu Qingyi) a vencer a medalha de bronze para a China, com Nicka (Dominika Banevic) a conseguir a prata para a Lituânia e o ouro a ir para Ami Yuasa, do Japão. Vanessa Marina ficou na fase de grupos.
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