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Portugal perde quase 10 mil dadores de sangue desde 2017 e regressa a níveis pré-pandemia

Lusa 13:21
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No ano passado 200.965 pessoas doaram sangue. Isto significa menos 4.390 comparativamente com 2023.

Portugal registou em 2024 uma nova redução de dadores de sangue, totalizando quase menos dez mil em relação a 2017, e voltando a níveis próximos do período pré-pandemia, segundo um relatório do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST).

Portugal regista menos dadores de sangue e volta a níveis pré-pandemia, segundo o IPST
Portugal regista menos dadores de sangue e volta a níveis pré-pandemia, segundo o IPST Sérgio Lemos/Correio da Manhã

O Relatório de Atividade Transfusional e Sistema Português de Hemovigilância de 2024, a que a agência Lusa teve acesso, apresenta a taxa de colheita de sangue total por 1.000 habitantes de 2017 a 2024.

"Observa-se uma tendência de queda de 2017 a 2020, estabilizando-se no ano subsequente, voltando a apresentar a tendência anterior de 2021 a 2024", aponta o documento, sublinhando que "a queda abrupta" em 2020 se relacionou com a pandemia de covid-19.

Quanto ao número de dadores, os dados indicam que totalizaram 200.965 em 2024, menos 4.390 comparativamente ao ano anterior e menos 9.939 face a 2017.

O número de dádivas também diminuiu, passando de 306.033 em 2023 para 299.914 em 2024. Em 2017, atingiram as 324.053.

Já o número de dadores de primeira vez e a sua representação proporcional em relação ao total de dadores não sofreu alterações significativas nos últimos três anos, mantendo-se em 2024 o mesmo número médio de dádivas por dador que o registado em 2023 (1,49).

Segundo o IPST, 31.721 pessoas deram sangue pela primeira vez em 2024, representando 15,78% do total, e 32.739 (15,94%) em 2023.

As mulheres continuam a representar a maioria dos dadores.

A distribuição etária da população de dadores continua a registar o envelhecimento progressivo da população de dadores com aumento da idade média e um aumento proporcional nos grupos etários entre os 45 e os 65 anos e mais de 65 anos e uma diminuição nos grupos etários entre os 18 e os 24 anos e os 25 e os 44 anos.

A Região Norte colheu 42,34% das dádivas nacionais, a Região Centro 20,81% e a Região de Lisboa e Vale do Tejo 25,94%.

Através dos seus três centros, o IPST colheu em 58,36% das dádivas nacionais (175.040), um valor "ligeiramente superior" ao ano anterior.

Verificou-se uma redução da colheita em todas as instituições à exceção do IPO Lisboa, ULS Alto Alentejo, ULS Alentejo Central, ULS Arrábida, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.

O relatório salienta que "a diminuição na taxa de colheita em 2024 reflete-se como é óbvio na queda da taxa de unidades distribuídas e transfundidas".

A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepobades) alertou hoje para este problema da redução de dadores e dádivas em 2024 e criticou o silêncio político sobre as dádivas de sangue.

"Após a Fepobades ter dado a conhecer ao Ministério da Saúde e a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República as preocupações do atual momento da dádiva de sangue, verificamos que na discussão do Orçamento do Estado na generalidade e nas audições com o grupo da Saúde nada se falou sobre a dádiva de sangue", lamentou em comunicado.

Salientou que o aumento ligeiro que o IPST registou na colheita de dádivas é "fruto do trabalho, dedicação e resiliência" das associações e núcleos de dadores de sangue que "são indispensáveis" para dar resposta às necessidades de sangue do sistema de saúde.

Segundo Alberto Mota, são necessárias cerca de 1.000 a 1.100 unidades de sangue todos os dias, o que exige "a mobilização de toda a sociedade para a dádiva".

"As pessoas, infelizmente, cada vez doam menos e os dadores regulares, são gerações que estão a envelhecer, que já não podem dar sangue a partir dos 65 anos e, portanto, isto é uma luta diária para que os mais jovens venham a doar sangue", lamentou.

Alberto Mota defendeu "mais incentivos, mais promoção, melhor planeamento, mais profissionais de saúde" para responder a "muitos pedidos" de realização de colheitas de sangue e para diminuir o tempo de espera nas sessões de colheitas, assim como alteração de horários de atendimento aos dadores, nomeadamente nos hospitais.

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