Doença afeta mil milhões de pessoas em todo o mundo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou pela primeira vez alargar a utilização de uma classe de medicamentos usados na diabetes e perda de peso para tratar a obesidade, que afeta mil milhões de pessoas.
OMS quer combater a obesidadeMartial Trezzini/Keystone vía AP, Archivo
O primeiro guia da agência da ONU sobre terapias com péptidos semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), em que se incluem medicamentos como o semaglutido, recomenda-as para adultos obesos, defendeu acesso equitativo e incluiu-as na lista de medicamentos essenciais.
Esta lista modelo da OMS inclui atualmente 532 terapias, que a organização considera indispensáveis para um sistema de saúde básico e universal.
A posição da OMS, tomada na segunda-feira, ajudará os sistemas de saúde a orientar suas políticas públicas, incentivando-os a melhorar o acesso a esses medicamentos.
A OMS defende que estes tratamentos, usados para tratar a diabetes e a obesidade, sejam universalmente e financeiramente acessíveis.
"As nossas novas diretrizes reconhecem que a obesidade é uma doença crónica que pode ser tratada com cuidados abrangentes e ao longo da vida", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, na conferência de imprensa em que anunciou o primeiro guia sobre o uso destas terapias para combater a obesidade.
O responsável sublinhou que, embora os medicamentos sozinhos não resolvam a crise global de saúde que a doença representa, "as terapias com GLP-1 podem ajudar milhões de pessoas a superar a obesidade e reduzir seus efeitos adversos".
"Essas terapias fazem parte de uma estratégia holística baseada em três pilares. Primeiro, criar ambientes mais saudáveis através de políticas robustas; segundo, proteger indivíduos de alto risco promovendo a deteção e intervenção precoces; e terceiro, garantir o acesso a cuidados centrados na pessoa e ao longo da vida para aqueles que vivem com obesidade", explicou o responsável da OMS.
As terapias com GLP-1, entre os quais se incluem o semaglutido, liraglutido e o dulaglutido, são usadas para tratar a diabetes tipo 2 e a obesidade, melhorando o controlo da glicose no sangue, suprimindo o apetite e promovendo a perda de peso.
A obesidade é uma pandemia global e esteve relacionada com 3,7 milhões de mortes em todo o mundo em 2024. O surgimento destes medicamentos foi revolucionário na forma como se enfrenta esta doença, uma revolução que agora conta com o apoio explícito da OMS.
Sem medidas eficazes, o número de pessoas que sofrem de obesidade em todo o mundo poderá duplicar até 2030.
"A obesidade é um dos desafios mais sérios da nossa época", disse o diretor-geral da OMS, acrescentando: "Estes novos medicamentos são uma ferramenta clínica poderosa que oferece esperança a milhões de pessoas".
As novas diretrizes da OMS incluem uma recomendação, baseada em evidências "de certeza moderada", para o uso de terapias com GLP-1 no tratamento de longo prazo (mais de seis meses) da obesidade em adultos, com exceção de mulheres grávidas.
Apesar da eficácia comprovada destes tratamentos, a recomendação é condicional, devido à falta de dados sobre o seu uso a longo prazo, manutenção e descontinuação, os seus custos atuais, preparação inadequado dos sistemas de saúde e potenciais implicações em termos de equidade.
Em Portugal, estas terapias apenas são comparticipadas pelo Serviço Nacional de Saúde se usadas para doentes diabéticos e, segundo dados do Infarmed, a classe terapêutica dos antidiabéticos foi a que registou o maior encargo para o SNS entre janeiro e setembro deste ano, com 354,6 milhões de euros.
Alguns fármacos comparticipados no caso da diabetes são muitas vezes usados por quem quer perder peso, o que já trouxe problemas de escassez no mercado para os doentes diabéticos.
Por isso, o Infarmed anunciou em janeiro um "processo alargado" de auditorias e inspeções a todo o circuito de alguns fármacos para a diabetes.
OMS recomenda pela primeira vez classe de medicamentos usados na diabetes para tratar obesidade
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