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Morreu o australiano conhecido pelo sangue de ouro que salvou 2,4 milhões de bebés

Ana Bela Ferreira
Ana Bela Ferreira 03 de março de 2025 às 10:30
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James Harrison morreu aos 88 anos durante o sono. O seu plasma continha um anti-corpo raro, o Anti-D, fundamental para impedir que o sangue materno ataque o bebé no útero, nos casos de incompatibilidade.

Morreu um dos dadores de sangue mais prolífero do mundo, aos 88 anos. O plasma de James Harisson ajudou a salvar as vidas de 2,4 milhões de bebés na Austrália, ao longo de 60 anos.

Serviço de Sangue da Cruz Vermelha australiana

Conhecido na Austrália como o homem do braço de ouro, Harrison morreu durante o sono num lar em Nova Gales do Sul a 17 de fevereiro, mas a família só divulgou a informação esta segunda-feira, 3 de março.

James Harrison continha um anti-corpo raro no seu sangue, o Anti-D, usado para fazer a medicação que é dada às mulheres cujo sangue pode atacar os seus bebés no útero. Antes de descobrir esta propriedade rara, já Harrison se tinha comprometido a ser dador de sangue, depois de a sua vida ter sido salva, aos 14 anos, graças a várias transfusões depois de uma grande cirurgia.

O Serviço de Sangue da Cruz Vermelha australiana que anunciou a sua morte em comunicado conta que James Harrison começou a doar sangue aos 18, em 1954, e que fez a sua última doação aos 81, em 2018. "Nunca falhou uma marcação", refere o serviço. Em 2005 alcançou o recorde mundial para mais plasma doado, título que perdeu em 2022 para um norte-americano.

A filha, Tracey Mellowship, partilhou que a família vai sentir muito a sua falta, especialmente do seu sentido de humor. "James era um humanitário de coração, mas também muito divertido." A filha foi ela própria recetora do anti-corpo Anti-D tal como dois dos seus netos.

"Ele estava muito orgulhoso de ter salvado tantas vidas, sem nenhum custo ou dor. Deixava-o feliz saber das tantas famílias que como a nossa existiam por causa da sua bondade", adiantou a filha.

Este anti-corpo é importante para evitar que as células vermelhas do sangue materno encarem o bebé como uma ameaça. Caso não seja tomada medicação, esta ação pode causar danos no bebé como anemia severa, falha cardíaca e até a morte.