Sintomas da covid-19 podem só se manifestar meses depois da infeção
Novo estudo revela que pacientes infetados com covid-19 sofreram de dores lombares, fadiga ou insónias meses depois da infeção, depois de se terem mantido assintomáticos.
Ansiedade, dores lombares, fadiga ou insónias são alguns dos sintomas da covid-19 que muitas vezes só se fazem notar passado várias semanas ou meses da infeção, quando não sentidos logo nos primeiros dias de doença. A descoberta foi revelada por um estudo publicado no site MedRxiv .
Num estudo que olhou para 1.407 pessoas infetadas com SARS-CoV-2, 30% dos inquiridos referiu que só sentiu sintomas semanas depois de terem sido infetados com o coronavírus. No entanto, passaram pela primeira fase da doença sem qualquer tipo de sintoma, sentindo-os apenas meses depois.
O estudo focou-se em infetados que não precisaram de hospitalização já que não tinham tido sintomas, ou tinham sido acometidos por sintomas muito ligeiros. No entanto, dos 1.407 analisados 27% (382 pessoas) referiram ter batalhado com sintomas num período de 60 dias depois da infeção, mesmo não tendo tido sintomas inicialmente.
Destes 382, cerca de um terço não sentiu qualquer sintoma durante os 10 dias pós-infeção, enquanto os restantes dois terços tiveram sintomas ligeiros.
Este estudo é de grande importância na medida em que os cientistas querem começar a perceber as implicações a longo prazo da covid-19 no corpo, para que se possam preocupar para o refluxo da pandemia.
Estão neste momento a decorrer vários estudos sobre o "pós-covid", desde pessoas que tiveram poucos ou nenhuns sintomas (como este na Califórnia), sobre as implicações a longo prazo dos que estiveram internados em unidades de cuidados intensivos ou ainda sobre a imunidade adquirida pela doença. Há ainda estudos a serem desenvolvidos, como por exemplo pelo National Institute of Health dos Estados Unidos da América.
Este estudo levado a cabo não procurou apurar se os sintomas sentidos ao fim de várias semanas eram graves. No entanto, alguns estudos anteriores revelavam que apesar de maior parte dos sintomas sentidos posteriormente eram caraterizados como "leves", houve casos que experienciaram sintomas mais agudos.
Este novo estudo é um dos mais completos sobre o tema, devido à grande amostragem de 1.407 pessoas.
Dos mais novos aos mais velhos
O estudo apurou que os sintomas "tardios" são transversais a todas as idades. Das 34 crianças que participaram, 11 sentiram sintomas várias semanas depois de infetadas, de acordo com o estudo.
Estes números são semelhantes aos encontrados em todas as faixas etárias. E todos eles foram afetados pelos sintomas marcados, como ansiedade, as dores lombares, problemas gastro-intestinais, ritmo cardíaco acelerado ou insónias. Outros sintomas incluíam dores no peito, tosse, dores abdominais ou dores de cabeças.
Este sintoma é complementar a um outro realizado na China em que foram analisadas 1.700 pessoas que tinham precisado de internamento devido à covid-19. Ao fim de seis meses, cerca de 75% desses pacientes tinham voltado a experimentar um sintoma associado à infeção por SARS-CoV-2.
Um dos problemas identificados nas situações pós-covid mas que não foram avaliados neste estudo foram aqueles que diziam respeito às capacidades cognitivas. Alguns estudos recentes têm ligado falhas de memória, dificuldade a concentrar, entre outras.
A pandemia da doença covid-19 provocou pelo menos 2.593.872 mortos no mundo, resultantes de mais de 116,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Só na Europa, a doença já fez 878.311 mortes em 38.809.591 casos detetados.
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