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Ondas de calor são perigosas também porque altas temperaturas aumentam poluição do ar

Lusa 18 de agosto de 2025 às 13:46

Um estudo demonstrou "níveis preocupantes" de poluentes que afetam a saúde pública, como ozono, compostos orgânicos voláteis oxigenados e nanopartículas altamente ácidas, cuja concentração aumentou com a temperatura exterior.

As ondas de calor, cada vez mais frequentes, intensas e prolongadas, são perigosas para a saúde humana não só devido às altas temperaturas, mas também porque estas levam ao aumento de poluentes atmosféricos, indica um estudo divulgado hoje.
AP Photo/Andrew Medichini
De acordo a investigação da Universidade do Texas, Estados Unidos, apresentada hoje numa conferência da Sociedade Americana de Química (ACS na sigla em inglês), as altas temperaturas alteram a química atmosférica e aumentam a poluição. Em 2024, durante a onda de calor que atingiu o Texas, uma equipa de cientistas do Centro de Química Atmosférica e Ambiente (CACE), da Universidade Texas A&M, recolheu amostras de ar de dia e de noite, entre 05 de agosto e 03 de setembro, no campus universitário de College Station, onde as temperaturas variaram entre os 32 e os 41 graus Celsius. A recolha foi feita quando não existiam incêndios florestais nas proximidades, permitindo isolar os efeitos da onda de calor sem a influência do fumo dos incêndios na qualidade do ar, tendo sido utilizados instrumentos sensíveis para detetar gases residuais e medir as propriedades dos aerossóis nas amostras. Os resultados das análises mostraram "níveis preocupantes" de poluentes que afetam a saúde pública, como ozono, compostos orgânicos voláteis (COV) oxigenados e nanopartículas altamente ácidas, cuja concentração aumentou com a temperatura exterior. Os investigadores observaram também níveis elevados de poluentes atmosféricos criados por reações químicas geradas pela luz solar. Principalmente, descobriram que durante as ondas de calor as árvores libertam mais COV naturais, incluindo isopreno, um precursor do ozono, que podem ser prejudiciais em locais densamente arborizados, como College Station. "Foi realmente surpreendente ver como estas emissões das árvores aumentam durante as ondas de calor e interagem com a poluição do ar", disse Bianca Pamela Aridjis-Olivos, estudante de pós-graduação da Universidade do Texas e especialista em química atmosférica, que liderou o estudo, citada pela agência noticiosa espanhola EFE. "Por si só, as emissões das árvores não são perigosas. É quando reagem com outras emissões sob forte radiação solar que obtemos níveis elevados de ozono e aerossóis orgânicos secundários, que são perigosos para a saúde pública", acrescentou. Os investigadores do estudo recomendam que, para sua segurança durante as ondas de calor, as pessoas evitem sair entre as 12:00 e as 16:00, quando as temperaturas e os níveis de ozono são mais elevados, evitem fazer exercício e mantenham as janelas fechadas para limitar a exposição a poluentes exteriores. Consideram, no entanto, que a melhor forma de proteger a saúde pública é estudar a forma como as alterações climáticas afetam a química atmosférica e a qualidade do ar. A conferência da ACS, com o tema "Inovações em Química", começou no domingo e decorre até quinta-feira em Washington.
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