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OMS defende que vacinas contra a covid-19 não devem ser obrigatórias

07 de dezembro de 2020 às 20:58

"Não creio que a obrigatoriedade seja o caminho a seguir", disse a responsável aos jornalistas, tendo Michael Ryan acrescentado que os benefícios das vacinas precisam de ser mais bem explicados, em vez de tornar a vacinação obrigatória.

Especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) defenderam esta segunda-feira a não obrigatoriedade das vacinas contra a covid-19, preferindo a persuasão e o diálogo com as populações.

Numa conferência de imprensa 'online' a partir da sede da organização, em Genebra, o caráter facultativo das futuras vacinas foi defendido pelo diretor para as emergências em saúde, Michael Ryan, e pela diretora do programa de vacinas da organização, Kate O´Brien.

"Não creio que a obrigatoriedade seja o caminho a seguir", disse a responsável aos jornalistas, tendo Michael Ryan acrescentado que os benefícios das vacinas precisam de ser mais bem explicados, em vez de tornar a vacinação obrigatória.

Kate O`Brien, que defendeu a segurança das vacinas atualmente em processo de aprovação, notou que a experiência tem mostrado que quando os países quiseram tornar certas vacinas obrigatórias não tiveram o efeito pretendido, mas alertou que nalgumas situações e países a administração da vacina deve ser "fortemente recomendada".

"Precisamos persuadir, dialogar com as pessoas, e os que têm trabalhado em saúde pública preferem evitar esse tipo de medidas", adiantou a propósito Michael Ryan, acrescentando: "Estamos preparados para apresentar os dados, os benefícios decorrentes da vacina, para que as pessoas tomem as suas decisões".

O responsável adiantou que quando as vacinas estiverem disponíveis para todos, o que poderá demorar até um ano, já que no início de 2021 haverá poucas e serão inicialmente para grupos de risco, muitas pessoas irão perceber que a vacinação será um "ato de responsabilidade".

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ainda a propósito das vacinas, pediu na mesma conferência de imprensa que os países deem prioridade aos mais necessitados, como os profissionais de saúde e os mais idosos.

"À medida que a oferta [de vacinas] aumenta, os próximos grupos incluiriam aqueles que têm maior risco de doença grave" devido a outras patologias associadas, e "os grupos marginalizados com maior risco", disse o diretor-geral da OMS.

Tedros Adhanom Ghebreyesus salientou também a importância dos testes serológicos, porque é importante saber onde o vírus esteve e quantas pessoas podem ter sido infetadas sem apresentar sintomas, e acrescentou que testes feitos pelo mundo inteiro indicam que "a população mundial continua suscetível à infeção com o vírus covid-19".

"Os estudos serológicos podem ajudar-nos a compreender quanto tempo dura a imunidade à infeção natural, o que também nos pode ajudar a compreender quanto tempo pode durar a imunidade à vacinação", disse o responsável.

Para evitar que os países mais ricos comprem todas as doses de vacinas que nos primeiros meses estarão disponíveis apenas em quantidades limitadas, a OMS criou um mecanismo chamado ACT-Accelerator, para assegurar a distribuição equitativa de vacinas e outros tratamentos possíveis.

A OMS tem dito que são precisos de imediato, para esse efeito, 4,3 mil milhões de dólares.

Na conferência de imprensa de hoje o responsável máximo da organização lembrou que foi criada a Fundação OMS, para diversificar as fontes de financiamento, e disse que o diretor executivo da nova instituição, a partir de 2021, é Anil Soni, um especialista em saúde global.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.535.987 mortos resultantes de mais de 67 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 5.041 pessoas dos 325.071 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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