Não é por acaso que vemos nos partidos de extrema-direita uma relação direta entre o sucesso político e foco de mensagem. Essa é uma competência importante num político e num partido mas uma cada vez mais rara no mundo das redes sociais.
O mundo está pior. Esta não é uma perceção isolada de um ou outro país, nem pode ser desmentida por uma seleção de factos positivos. As pessoas sentem que vivem pior, o que é difícil de contestar se olharmos para uma combinação entre o custo de vida, a deterioração dos serviços públicos e a emergência no quotidiano da crise climática ou dos piores aspetos da transição digital.
O mundo está pior e, mais do que estabilidade, as pessoas querem mudança. Esta é a grande conclusão da cimeira Global Progress, que reuniu em Londres a família progressista, incluindo os primeiros-ministros do Reino Unido, Canadá, Austrália, Espanha e Islândia, bem como antigos primeiros-ministros da Suécia e Nova Zelândia e dois dos mais promissores putativos candidatos à Casa Branca em 2028.
Entre estudos de caso e estudos de opinião, há uma história clara a contar: em muitos países, os eleitores não sabem quais são as principais preocupações da esquerda, o que pensamos num conjunto de temas. O receio é mais profundo ainda: não é que achem que não lhes resolvemos os problemas. Acham que nem queremos saber, que nos falta esse nosso traço identitário: a empatia. Da Noruega à Austrália, as campanhas bem-sucedidas projetam força e foco, mostrando capacidade de decisão sobre mudanças grandes em áreas-chave como a habitação, a saúde ou a economia. Não se fecham a defender o passado, não negam dificuldades e não perdem tempo a falar dos adversários. Falam de um futuro concreto e não de valores abstratos.
Nesta breve síntese estão muitas lições a tirar. Não é por acaso que vemos nos partidos de extrema-direita uma relação direta entre o sucesso político e foco de mensagem. Essa é uma competência importante num político e num partido mas uma cada vez mais rara no mundo das redes sociais, onde o encurtamento dos ciclos mediáticos (e até dos vídeos que publicamos) e a polarização nos deixam cada vez a ouvir menos.
Este paradigma aplica-se na perfeição à economia verde, tema do painel para o qual fui convidado a falar. Não há dúvidas: em todo o mundo e da esquerda à direita, falar de ação climática está fora de moda. Temos, por isso, de fazer ação climática falando de custo de vida ou de segurança – em primeiro lugar, porque também o são, em segundo lugar, porque é possível compatibilizar medidas para ambos os fins. Tal implica, no entanto, que os apoios se façam sentir na conta bancária da maioria. É o caso do solar, onde oposição popular a parques concentrados deve-nos convidar a reinvestir no solar descentralizado, conforme propus na Assembleia da República há uma semana.
Isso implica também mudarmos a própria maneira de posicionarmos as pautas verdes. Se hoje se acha que, primeiro, teremos de ter apoio para fazermos políticas públicas verdes, a realidade é que temos de fazer (bem) políticas públicas verdes se quisermos depois granjear apoio direto para elas. Esta atitude, de superar as hesitações e entregar resultados, tem sido popularizada pelo livro Abundance dos colunistas Ezra Klein e Derek Thompson. Retratando os múltiplos obstáculos burocráticos e as miopias do processo legislativo, este best-seller encoraja-nos a passar por cima desses obstáculos e tomar partido das tecnologias que temos ao nosso dispor. É uma visão romântica de um mundo onde, na verdade, tudo é e será cada vez mais escasso. Em alternativa ao que defendem Klein e Thompson, precisaremos de inventar novos caminhos e ter mais planeamento para cumprir com os propósitos a que nos lançamos.
A duas semanas das eleições autárquicas, em breve, pouco se falará a não ser de quem será o Presidente de Junta ou da Câmara. Para nós que estaremos nas ruas a batalhar por outro futuro para o nosso concelho – ainda para mais quando este tem os recursos que tem – essa submersão estará já próximo de completa, seguindo cada um no seu piloto automático até dias 12. Se quisermos uma política diferente e mais hipóteses de sair ganhador, seja para estas eleições ou outras, teremos de nos preparar para pensar e comunicar diferente.
Como contava um primeiro-ministro na sua sessão, isto não é só sobre “a força dos nossos valores”. Tem de ser também o valor da nossa força. Na empatia, no foco e na coragem está o valor do nosso futuro. Até porque no final do dia, não é sobre nós. É sobre dar às pessoas razões concretas para acreditarem numa democracia com futuro.
Há momentos que quebram um governo. Por vezes logo. Noutras, há um clique que não permite as coisas voltarem a ser como dantes. Por vezes são casos. Noutras, são políticas. O pacote laboral poderá ser justamente esse momento para a AD.
Não há nada inevitável na vida política. Na forma e no conteúdo, os erros que conduziram à queda de popularidade do PS eram há muito previsíveis e, em grande parte, evitáveis.
Álvaro Almeida, diretor executivo do SNS, terá dito, numa reunião com administradores hospitalares, que mesmo atrasando consultas e cirurgias, a ordem era para cortar.
O problema começa logo no cenário macroeconómico que o Governo traça. Desde o crescimento do PIB ao défice, não é só o Governo da AD que desmente o otimista programa eleitoral da AD.
Até pode ser bom obrigar os políticos a fazerem reformas, ainda para mais com a instabilidade política em que vivemos. E as ideias vêm lá de fora, e como o que vem lá de fora costuma ter muita consideração, pode ser que tenha também muita razão.
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Esta semana, a Rússia apresentou o seu primeiro robô humanoide. Hesitamos entre pensar se aquilo que vimos é puro humor ou tragédia absoluta. É do domínio do absurdo, parece-me, querer construir uma máquina antropomórfica para esta fazer algo que biliões de humanos fazem um bilião de vezes melhor.
A resposta das responsáveis escola é chocante. No momento em que soube que o seu filho sofrera uma amputação das pontas dos dedos da mão, esta mãe foi forçado a ler a seguinte justificação: “O sangue foi limpo para os outros meninos não andarem a pisar nem ficarem impressionados, e não foi tanto sangue assim".
Com a fuga de Angola, há 50 anos, muitos portugueses voltaram para cá. Mas também houve quem preferisse começar uma nova vida noutros países, do Canadá à Austrália. E ainda: conversa com o chef José Avillez; reportagem numa fábrica de oxigénio.