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Mães golfinho usam “conversa de bebé” com as suas crias

Andreia Antunes com Ana Bela Ferreira 27 de junho de 2023 às 20:00

Um estudo com golfinhos-roazes, efetuado ao longo de 30 anos, revelou que o assobio da mãe é mais agudo e tem um maior alcance quando dirigido às crias.

Que os golfinhos socializam, brincam e mostram traços de personalidade como os humanos, não é novidade, mas agora os cientistas descobriram que também 'falam' de maneira diferente com as suas crias.

Alexis Rosenfeld / gettyimages

Num estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences esta segunda-feira, mostra que os golfinhos-roazes usam uma voz mais aguda quando se dirigem às suas crias. Investigadores na Flórida, Estados Unidos, registaram os assobios de 19 mães golfinho quando estas estavam acompanhadas pelas suas crias, sozinhas ou com outro adulto. O assobio caraterístico dos golfinhos é um sinal único e importante, é semelhante ao chamar pelo nome.

A co-autora do estudo, Laela Sayigh, bióloga marinha da Instituição Oceanográfica Woods Hole, de Massachusetts, referiu, ao jornal britânico The Guardian, que "os golfinhos usam estes assobios para se localizarem uns aos outros. Estão periodicamente a dizer: 'estou aqui, estou aqui'".

De acordo com o estudo publicado, ao dirigir o sinal às crias, o tom do assobio da mãe é mais alto e a sua amplitude é maior do que o habitual. Particularidades que se verificaram "em todas as mães do estudo, todas as 19", afirmou o biólogo Peter Tyack, co-autor do estudo da Universidade de St Andrews, na Escócia.

Este estudo levou três décadas a ser concluído e passou pela colocação de microfones em várias ocasiões nas mesmas mães golfinho que ficam com as suas crias na Baía de Sarasota, na Flórida, incluindo os anos onde tinham ou não crias para registar os seus assobios de assinatura.

A razão pela qual há uma mudança de voz para comunicar com as crias, nos humanos, golfinhos e outros animais continua sem explicação, mas os cientistas acreditam que pode ajudar os mais pequenos a aprender a pronunciar novos sons. Num estudo publicado nos anos 1980, sugere que as crianças prestam mais atenção quando são usados sons com uma maior amplitude. As fêmeas de macaco-rhesus também alteraram os seus chamamentos para atrair e manter a atenção dos filhos, assim como outras espécies.

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