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Foi um dos maiores sismos, mas causou tsunamis suaves. Porquê?

Diogo Barreto 31 de julho de 2025 às 18:46

O sismo de magnitude de 8,8 provocou algumas ondas grandes, mas com impactos pouco significativos.

Após osismo de 8,8 em Kamchatka, na Rússia, foram emitidos alertas de tsunami para os estados da Califórnia, Oregon e Washington, nos Estados Unidos. Japão, Rússia, China e Filipinas também emitiram alertas para a possibilidade de ondas violentas, entre outros países asiáticos e da costa oeste das Américas. Mas apesar da magnitude do sismo, os tsunamis não foram tão devastadores quanto os geólogos apontaram inicialmente, apesar de terem sido verificadas ondas de quatro metros perto de Kamchatka.

Stephen Lam / S.F. Chronicle/Associated Press

O Japão que se situa perto do epicentro verificou algumas ondas pequenas, mas nenhuma da dimensão que se calculava que se pudesse verificar, tanto que o alerta foi já levantado. De acordo com especialistas ouvidos pelo The Conversation, a resposta para perceber a ausência de tsunamis devastadores está na geologia. O sismo terá ocorrido na placa tectónica do Pacífico, uma das maiores crostas do planeta que fez um movimento de subdução para a placa norte-americana (em termos leigos, a placa inseriu-se por baixo de uma outra placa), resultando num abanão de grande intensidade, causando pânico e motivando os alertas para um possível tsunami. Milhões de pessoas foram retiradas das zonas costeiras do Pacífico. 

Com o sismo de intensidade 8,8 na escala de Richter os especialistas calcularam que o abano ia ser mais forte do que realmente foi. "O terramoto de Kamchatka (a uma profundidade de 20,7 quilómetros) aconteceu a uma profundidade maior do que aquela que aconteceu no sismo da Sumatra em 2004 ou no sismo que abalou o Japão em 2011. Isto fez com que se verificasse uma deslocação menos vertical e instantânea do fundo do mar", explica o Conversation. Já ao New York Times, o geólogo Diego Melgar explica que apesar de poder parecer um sismo com uma magnitude muito elevada (8,8), foi um tremor de terra muito mais fraco do que os que afetaram o Japão e a Sumatra. Nestes dois casos foram sismos de 9 que, na escala logarítmica usada para medir a intensidade, é cerca de três vezes mais forte do que um de intensidade 8,7 ou 8,8.

Num caso grave, um tsunami pode viajar a velocidades máximas de 800 quilómetros por hora (quase tanto como um avião comercial). E apesar de se moverem rentes à água, ao começarem a chegar à costa as ondas começam a ganhar altura e a perder velocidade. Esse movimento originou as ondas de quatro metros na Rússia oriental, maiores do que é comum, mas muito longe das ondas de dezenas de metros de altura que se verificaram no passado na Sumatra e no Japão.

Já à BBC um geólogo informou que o sismo pode ter acontecido a uma profundidade maior do que se calcula e que pode ter retirado impulso às ondas. 

No entanto, todos os geólogos referem que para perceber na realidade o que aconteceu vão ser precisas semanas, se não meses, de estudos.

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