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Estudo revela que 23% das mulheres já sentiram ansiedade por falta de produtos menstruais

Lusa 07 de abril de 2025 às 18:54

Os resultados do inquérito também apontam que a falta de acesso a produtos menstruais prejudicou 23,9% das inquiridas em termos de relações sociais e atividades diárias (como ir ter com amigos, praticar exercício), atingido sobretudo as jovens entre os 10 e os 19 anos (27,6%).

Cerca de 23% das mulheres inquiridas num estudo da DGS relataram ter sentido ansiedade, 'stress', vergonha ou mal-estar por falta de acesso a produtos menstruais adequados, enquanto 12,8% enfrentaram dificuldades para obter a quantidade suficiente para uma boa higiene.

REUTERS / Stefan Wermuth

O inquérito "Vamos falar de Menstruação" teve como objetivo principal realizar um diagnóstico de situação sobre a saúde menstrual em Portugal, tendo para isso questionado 7.495 mulheres, entre 09 de julho e 12 de agosto de 2024.

Para 4,7% das entrevistadas, a quantidade de produtos menstruais acessíveis nunca foi suficiente para uma higiene adequada, sendo que a percentagem de pessoas com acesso insuficiente é maior no grupo de 50 ou mais anos (17,4%) e menor no grupo de 30-39 anos (10,9%).

O estudo é divulgado numa altura em que as escolas e unidades de saúde locais começam a distribuir produtos menstruais (pensos higiénicos, tampões e copos menstruais).

Segundo o Ministério da Juventude e Modernização, a distribuição será faseada por todo o país durante o mês de abril.

Questionadas se tiveram dificuldades em obter produtos menstruais no último ano, 9,6% afirmaram que sim, sendo que para 0,7%, essas dificuldades ocorreram sempre.

O grupo com maior percentagem de pessoas com dificuldade em aceder a estes produtos é o de 10-19 anos (13,8%), refere o estudo publicado no 'site' da Direção-Geral da Saúde, adiantando que, a partir dos 40 anos, essa percentagem é menor (6,9%).

Os resultados do inquérito também mostram que 97,7% nunca faltaram à escola ou ao trabalho, no último ano, devido à falta de produtos menstruais.

Para os restantes 2,3% que faltaram por este motivo, as faltas ocorreram sempre ou frequentemente em 0,3% dos casos e às vezes em 1,8% dos casos, tendo este problema ocorrido maioritariamente (98,7%) nas mulheres entre os 30-39 anos (98,7%)

Segundo o estudo, 91,6% das inquiridas nunca tiveram acesso a produtos menstruais gratuitos.

Revela ainda que 31,6% das entrevistadas faltaram à escola ou ao trabalho, no último ano, devido a sintomas relacionados com a menstruação.

"A percentagem de pessoas que faltaram por este motivo é superior entre os 10-19 anos (55,6%)" e no grupo entre o 10.º e o 12.º ano de escolaridade (42%).

Os resultados do inquérito também apontam que a falta de acesso a produtos menstruais prejudicou 23,9% das inquiridas em termos de relações sociais e atividades diárias (como ir ter com amigos, praticar exercício), atingido sobretudo as jovens entre os 10 e os 19 anos (27,6%).

Entre a população inquirida, 73,3% disse que recebeu informação sobre saúde menstrual, mas 61,6% refere que essa informação foi insuficiente.

O estudo da DGS destaca a premência de promover "o acesso a informação precisa e adequada à idade sobre o ciclo menstrual e a menstruação, bem como sobre práticas de autocuidado e gestão da menstruação".

Recomenda também o acesso a produtos menstruais eficazes e a existência de instalações e serviços de apoio ao cuidado do corpo em conforto, segurança e privacidade, assim como o acesso atempado ao diagnóstico, tratamento e cuidados para desconfortos e distúrbios relacionados com o ciclo menstrual, incluindo o acesso a serviços e recursos de saúde apropriados, alívio da dor e estratégias de autocuidado.

A DGS defende igualmente "um ambiente positivo e respeitoso em relação à menstruação, livre de estigma e angústia psicológica" e a promoção da "liberdade de participação em todas as esferas da vida durante todas as fases do ciclo menstrual, livre de exclusão, discriminação e violência em relação à menstruação".

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