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Estarão os antidepressivos a criar "apatia emocional"? Cientistas dizem que sim

Márcia Sobral 23 de janeiro de 2023 às 18:00

Apesar dos resultados, os especialistas ressalvam que "não existem dúvidas dos benefícios" destes medicamentos e que o estudo tem apenas como objetivo que os pacientes façam "escolhas mais informadas".

A saúde mental é cada vez mais uma problemática acompanhada sob o olhar atento da comunidade médica. Agora, umestudo da Universidade de Cambridge, veio demonstrar que os antidepressivos não têm efeitos apenas nas emoções más, mas também nas boas.

No fundo, são uma espécie de "bloqueador de sentimentos" e podem estar a ter um efeito secundário mais comum que o expetável. Cerca de 40% a 60% dos pacientes dizem sentir-se "emocionalmente adormecidos" e referem que deixaram de ter prazer a executar a maioria das tarefas.

"[Os antidepressivos] tiram alguma da dor emocional que as pessoas que têm depressão sentem, mas infelizmente parece que também estão a retirar-lhes o prazer", explica Barbara Sahakian, uma das autoras do estudo da Universidade de Cambridge.

Para o trabalho foram estudados 66 pacientes saudáveis de forma a perceber os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos. Durante três semanas, os voluntários consumiram SSRI (um inibidor seletivo da captação de serotonina) e, ao fim de 21 dias, foram submetidos a um conjunto de testes cognitivos.

A conclusão foi clara e os cientistas aperceberam-se de que o consumo os tinha tornado muito menos reativos. Num teste simples, que tinha como objetivo selecionar "a melhor opção", os pacientes que tinham tomado antidepressivos apresentaram bastantes dificuldades em diferenciar "o melhor" do "menos mau". Outros pacientes expuseram também que tinham dificuldades em atingir o orgasmo durante o sexo.

Ainda assim, os cientistas ressalvam que "não existem dúvidas dos benefícios" destes medicamentos e que não encontraram quaisquer "efeitos negativos a nível da cognição". No fundo, garantem que o estudo publicado na revista Neuropsychopharmacology tem apenas como objetivo que os pacientes façam "escolhas mais informadas" e que tenham capacidade para perceber algumas alterações comportamentais.

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