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Vasco da Gama era “formidável na sua cólera”

Vanda Marques
Vanda Marques 11 de dezembro de 2024 às 23:00

Um típico capitão do mar que torturava para obter respostas, saqueava e matava, mas que também sabia conquistar aliados. Fiel à sua missão, recorria muitas vezes à “diplomacia da violência”

O navio já se tinha rendido. Lá dentro, 380 pessoas, entre mulheres e crianças. Eram peregrinos que estavam a regressar de Meca. Era a segunda viagem de Vasco da Gama à Índia. A intenção não era apenas comercializar, mas mostrar a força de Portugal. Fez o impensável: queimou o navio com os muçulmanos lá dentro “cruelmente e sem qualquer piedade”, escreveu o cronista Tomé Lopes. Apenas retiraram 17 “moços pequenos que tornaram cristãos”. Algumas mulheres empunharam as crianças e pediram misericórdia, outras ofereciam as joias. Nada o demoveu. O historiador Sanjay Subrahmanyam descreve no seu livro que Vasco da Gama assistiu à violência da sua ordem através de uma janela. “Foi um ato calculado. Ele queria mostrar aos muçulmanos do oceano Índico que os portugueses eram pessoas a temer. Foi um ato terrorista”, conclui o professor na Universidade da Califórnia.

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