Sábado – Pense por si

Rosalía com o NOS Primavera Sound aos seus pés

Filipa Vaz Teixeira 09 de junho de 2019 às 14:05

O último dia do NOS Primavera Sound escreveu-se no feminino, com parênteses para a salve simpatia de Jorge Ben Jor. Rosalía encheu o Parque da Cidade, Kate Tempest e Neneh Cherry abusaram da palavra e Erykah Badu foi Shiva do Baduizm.

Quem duvidada por um segundo da legitimidade de Rosalía como cabeça de cartaz deu a mão à palmatória depois desta passagem pelo Porto. Sim, havia cépticos, mesmo depois do estrondoso El Mal Querer que encimou listas de melhores de 2018 mundo fora. Havia, mas depois veio Pienso En Tu Mirá, ela escudada por El Guincho, co-produtor e compositor, pelas backing vocals e bailarinas que tanto se expandiam como retraiam, tudo para engrandecer o espectáculo e a presença da espanhola de 25 anos, atitude urbana, alma gitana. Catalina, viagem a Los Angeles (2017), arrepiou num a cappella a lembrar as raízes, tão sussurrante quanto agressivo, flamenco que corre inflamado no sangue. Que No Salga la Luna prosseguiu no mesmo tom, ponte para a fusão com a pop, a electrónica, o hip-hop Di Mi Nombre, o reggeaton Con Altura (J Balvin não apareceu, mas o coro fez a vez do colombiano), ou a melancólica Barefoot in the Park, melodia que partilha com James Blake, igualmente íntimo na sua interpretação da noite anterior. Malamente veio na recta final, com o público a prostrar-se aos pés de Rosalía, soberana numa actuação imaculada. "Porto, estou muito agradecida por estar aqui, de coração". Ora essa, nós é que agradecemos.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais
Bons costumes

Um Nobel de espinhos

Seria bom que Maria Corina – à frente de uma coligação heteróclita que tenta derrubar o regime instaurado por Nicolás Maduro, em 1999, e herdado por Nicolás Maduro em 2013 – tivesse melhor sorte do que outras premiadas com o Nobel da Paz.

Justa Causa

Gaza, o comboio e o vazio existencial

“S” sentiu que aquele era o instante de glória que esperava. Subiu a uma carruagem, ergueu os braços em triunfo e, no segundo seguinte, o choque elétrico atravessou-lhe o corpo. Os camaradas de protesto, os mesmos que minutos antes gritavam palavras de ordem sobre solidariedade e justiça, recuaram. Uns fugiram, outros filmaram.

Gentalha

Um bando de provocadores que nunca se preocuparam com as vítimas do 7 de Outubro, e não gostam de ser chamados de Hamas. Ai que não somos, ui isto e aquilo, não somos terroristas, não somos maus, somos bonzinhos. Venha a bondade.