Sábado – Pense por si

"Pensei que podia morrer, mas não podia voltar atrás"

Lucília Galha
Lucília Galha 29 de outubro de 2015 às 08:00

Em 1979, Isabel do Carmo esteve 30 dias em greve de fome. Em Luanda, Luaty Beirão ultrapassou este período: 37 dias. A médica explica à SÁBADO o que acontece ao corpo

"A cara reflectida no espelho não me assustava. Não me via como alguém que estivesse a morrer mas, no entanto, aquela pessoa que estava ali podia morrer. Eu sabia disso. Claro que a cara fica encovada e muito magra e, quando vejo as fotos de Luaty Beirão [o activista angolano que esteve 37 dias em greve de fome, até segunda-feira, 26 para exigir a sua libertação e de outras 14 pessoas], lembro-me do aspecto do Carlos Antunes, o meu companheiro na altura, há uma imagem que é comum: de uma cara que está a travar uma luta mas que também está a ficar reduzida à sua estrutura óssea e a modificar-se todos os dias."

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