Sábado – Pense por si

O mar de Tróia e a vila dos Faia

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos 20 de dezembro de 2014 às 00:00

Mar Salgado bate recordes de audiências e ultrapassa a Casa dos Segredos. O que tem em comum com a primeira telenovela portuguesa?

À primeira vista, os mundos de Mar Salgado, a actual telenovela líder de audiências, e de Vila Faia, a primeira das telenovelas portuguesas, exibida em 1982, não podiam ser mais diferentes. Em Vila Faia não há telemóveis, mas há televisões em leitarias e discutem-se filmes de Billy Wilder. Não há computadores, mas há flippers. Não há Internet, mas fuma-se em todo o lado. Não há tablets, mas bebem-se litros de whisky após o jantar. Sucedem-se, isso sim, cenas de mais de dois minutos – uma eternidade em televisão – com o protagonista Gonçalo Marques Vila (Rui de Carvalho), dono de uma marca de vinhos, a olhar para o tecto até bater com a cabeça num candeeiro (está convencido, se calhar por bons motivos, de que é "um péssimo chefe de família"). Difundem-se planos de 90 segundos com personagens a chorar de forma enigmática e Vítor Norte, na pele do mecânico Zé Dinis, usa as calças tão apertadas que agradaria a uma faixa populacional que, em 1982, não existia oficialmente (será nesse ano que o Código Penal português passa a referir a homossexualidade "entre adultos, livremente exercida e em recato" como acto não punível por lei).

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