Sábado – Pense por si

Günter Grass (1927-2015)

Dulce Neto
Dulce Neto 16 de abril de 2015 às 20:24

Quis libertar a memória dos crimes nazis e calou a sua. Isso não lhe roubou o Nobel. Nem o lugar de um dos maiores escritores alemães. Foi muitas coisas e nunca deixou de ser polémico

Todos temos segredos. Muitos morrem com eles. Não foi o caso deste alemão de bigode tristonho, lentes bifocais e cachimbo permanente. Durante décadas calou o seu passado, como tantos outros. Mas a memória afligia-lhe o silêncio. Por isso, em 2006, num acto de "suicídio moral", como lhe chamou Welt am Sonntag, Günter Grass contou que aos 17 anos integrara as SS, a unidade de elite do regime nazi. Fê-lo numa entrevista, pouco antes de a sua autobiografia, Descascando a Cebola, ser publicada. Fê-lo aos 78 anos, porque "é preciso ter alguma idade para escrever um livro assim". Chorou?, perguntaram-lhe os jornalistas. "Sim, chorei. Mas chora-se mais a cortar uma cebola do que a descascá-la". 

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais
Editorial

Só sabemos que não sabemos

Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres