Sentença sobre morte de Sara Carreira. O que foi dito em tribunal?
O Ministério Público pede pena suspensa de até cinco anos para os quatro arguidos. Decisão é lida esta sexta-feira.
Está marcada para esta terça-feira a leitura da sentença relativa ao caso da morte de Sara Carreira. No dia 24 de novembro de 2023, o Ministério Público tinha pedido pena suspensa de até cinco anos para os quatro arguidos acusados de homicídio.
O MP acredita que durante o julgamento ficou provado que todos os arguidos, "com as suas condutas, criaram as condições que levaram à morte de Sara". Paulo Neves conduzia alcoolizado e abaixo do limite de valor de velocidade, originado o acidente, pelo que foi pedido três anos e nove meses de pena suspensa. Cristina Branco foi a primeira a embater, pelo que deve ter uma pena superior a um ano. Ivo Lucas, que viajava com a cantora, chocou com o carro da fadista e é esperado que lhe seja atribuída uma pena de dois anos e meio, e por fim Tiago Pacheco colidiu com o carro de Ivo Lucas e foi apenas acusado por duas contraordenações e condução perigosa, sendo pedida uma multa superior a 600 euros.
Já em novembro, o procurador responsável pelo caso referiu no Tribunal Judicial de Santarém que "a conduta dos arguidos" pode levar ao aumento das penas uma vez que não pediram desculpas pela "morte da jovem que estava a começar a sua vida".
Também o cantor Tony Carreira, pai de Sara Carreira, afirmou que ainda estava à espera de um pedido de desculpas por parte de Ivo Lucas mas que este nunca chegou. Tony considerou que do lado da "maioria dos arguidos não há uma percentagem mínima de humanidade" e acusou-os de "optarem por uma teoria com uma tática de advogados que é a amnésia".
O acidente em que morreu Sara Carreira ocorreu no final da tarde de 5 de dezembro de 2020 na A1 e, segundo os registos após a colisão, o ator Ivo Lucas circulava a 132 km/h. Durante o julgamento Ivo Lucas apresentou um requerimento para que os peritos do Laboratório de Polícia Cientifica da PJ fossem ouvidos em tribunal, o que a juíza considerou "totalmente inútil" uma vez que a velocidade apresentada no relatório é a que estava visível no velocímetro do carro e que os peritos já tinham considerado que pode existir uma margem de erro, pelo que Ivo Lucas poderia estar a circular a menos do que 120 km/h.
Durante as audiências foram ouvidos os quatro arguidos, quatro testemunhas, dois militares da GNR, um ex-bombeiro e uma mulher que parou o carro para ajudar as vítimas na noite da tragédia.
Ivo Lucas manteve-se emocionado durante todo o seu depoimento e partilhou que foi a cantora que o avisou da existência de um obstáculo na estrada: "Eu disse-lhe: ‘Tenho muita sorte em ter-te na minha vida’. E ela diz-me: ‘E eu a ti’. Neste momento a Sara grita ‘cuidado!’ Deparo-me com um vulto, a única memória que tenho é estar no meio da autoestrada com o braço partido sem t-shirte sem saber da Sara".
O MP acusa Paulo Neves, o condutor do primeiro carro envolvido no acidente, de seguir a uma velocidade de 30 km/h, ou seja, abaixo do permitido numa autoestrada. O arguido negou que estivesse a circular a menos de 50 km/h mas reconheceu que se encontrava com álcool no sange.
A fadista Cristina Branco terá sido a primeira a embater, neste caso no carro de Paulo Neves. Em declarações ao tribunal, afirmou ter a certeza que ligou os quatro piscas, saiu do carro com a filha e colocaram-se no separador central: "O carro capotou e o movimento é longo e acelerado porque estava a deslizar em cima de um carril".
Tiago Pacheco, que embateu no carro de Ivo Lucas, e a namorada Carolina Amaral estavam a voltar de Mangualde para Lisboa quando tiveram o acidente. "Estava muito nevoeiro e a chover muito", "não havia quase visibilidade nenhuma" refere Carolina sobre o momento do acidente. O casal terá saído do carro e pouco tempo depois o seu carro incendiou.
Tiago Pacheco relembrou "ir sempre na faixa do meio para conseguir fugir para um dos lados". Foi nesse momento que viu "umas luzes no lado direito", depois sentiu o carro a passar por cima de alguma coisa: "Destroços pequenos, grandes, do tamanho de uma cadeira e depois senti o airbag a disparar e depois virei para a direita e parei na berma muito lá à frente".
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