Secções
Entrar

Quem é Ali Khamenei, o líder supremo iraniano que Israel quer eliminar?

Luana Augusto 18 de junho de 2025 às 19:18

Aitolá está no poder há 36 anos e é a figura mais importante do Irão, visto que possui todo o tipo de poderes. Em 1981, foi alvo de uma tentativa de assassinato que o deixou com o braço direito paralisado.

Com o desenrolar doconflito entre Israel e o Irão, uma figura central acabou por captar a atenção do público: o supremo líder iraniano - o aitolá Ali Khamenei. Agora, tanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como o primeiro-ministro israelita, Benjamin Nethanyahu, falam na possibilidade de o aniquilarem.

Office of the Iranian Supreme Leader via AP

Numa entrevista à ABC News, na segunda-feira, Netanyahu considerou que um ataque contra o líder supremo iraniano "não vai fazer escalar o conflito, [mas sim] encerrar o conflito". Enquanto isso, um dia depois, Donald Trump escreveu nas suas redes sociais: "Sabemos exatamente onde está escondido o chamado líder supremo. Ele é um alvo fácil, mas não o vamos eliminar, pelo menos por enquanto". E alertou: "Não queremos que os mísseis sejam disparados contra civis ou soldados americanos. A nossa paciência está a esgotar-se".

De revolucionário a líder supremo

Nascido em 1939 na cidade de Mashhad, a leste do Irão, Khamenei cresceu no seio de uma família religiosa e modesta, tendo tido formação religiosa e política na década de 60. Atingiu a maioridade nos anos que antecederam a revolução de 1979 - responsável pelo derrube do então xá (o equivalente a "rei").

Khamenei, de 86 anos, foi preso várias vezes pelos serviços de segurança do autocrata Mohammed Reza Pahlavi, apoiado pelos Estados Unidos, devido à sua proximidade com o aitolá Ruhollah Khomeini, que liderou a revolução e fundou a República Islâmica do Irão, e por ter participado nos protestos de 1978. Foi, aliás, graças a Ruhollah que Khamenei conseguiu ascender na hierarquia religiosa, tendo-se tornado presidente na década de 1980. Nessa época, aprofundou teorias anti-coloniais, anti-ocidentais e traduziu livros do Egito.

Só quando o seu antecessor - o aitolá Ruhollah Khomeini - morreu em 1989, é que Khamenei foi elevado a líder supremo do Irão. Desde então, enfrentou sanções, tensões internacionais e protestos.

Foi até durante a sua liderança que se passou a fazer um extensivo controle do aparato político no país, tendo as autoridades reprimido aqueles que desobedeciam às regras. Um desses exemplos com mais repercussão internacional foi o da jovem Mahsa Amini, que morreu em 2022 pelas mãos da polícia da moralidade, por ter colocado mal o lenço para cobrir a cabeça.

Poder absoluto

Como líder supremo do Irão, Khamenei está acima de todos os poderes do país. Isso significa que o aitolá pode nomear diretores de imprensa e das principais agências de segurança, além de ter a decisão final sobre quem pode concorrer à presidência.

Além disso, o líder supremo do Irão tem também poder para controlar a política externa e militar e supervisionar o Corpo de Guardas Revolucionários - que defendem o sistema islâmico iraniano e que é separado do exército e da Força Quds, que conduz as operações estrangeiras do Irão no Médio Oriente. Como se não bastasse, a sua autoridade estende-se ao programa nuclear - colocando-o por isso no centro do ascendente conflito entre o Irão e Israel.

Durante décadas, o aitolá Khamenei esteve no centro da política externa de linha dura do Irão, tendo posicionado o país como um contrapeso à influência americana, israelita e saudita. Sob a sua liderança, o Irão treinou, armou e financiou uma rede de forças aliadas que se estendiam do Líbano ao Iémen.

Sob ameaça

Cada passo que Khamenei dá é rigorosamente controlado e a sua segurança privada é assegurada por uma unidade de elite da Guarda Revolucionária iraniana.

Na semana passada, quando Israel atacou o Irão, o aitolá terá sido transferido para um local secreto, onde mantém contacto com os militares. O mesmo aconteceu no ano passado, quando surgiram relatos semelhantes que indicavam que o aitolá havia sido levado para um local seguro, um dia depois do assassinato de Hassan Nasrallah - que liderava o grupo militante libanês Hezbollah há mais de três décadas.

Além disso, o seu paradeiro raramente é divuldado. Khamenei chegou a passar cinco anos sem fazer uma única aparição pública - uma rotina que foi quebrada em outubro do ano passado quando proferiu um sermão, numa mesquita em Teerão, em homenagem a Nasrallah.

Khamenei, também não viaja para fora do Irão desde que assumiu o cargo há 36 anos. Em 1981, foi até alvo de uma tentativa de assassinato que o deixou com o braço direito paralisado para sempre.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela