Quase 300 mediadores vão integrar alunos estrangeiros, mas ninguém sabe quando chegam
O mais recente concurso do Governo tem como objetivo colocar 287 mediadores linguísticos e culturais nas escolas com uma maior percentagem de alunos estrangeiros que não fazem parte da CPLP, de forma a facilitar a sua integração.
Nos últimos cinco anos houve um aumento de 160% de alunos estrangeiros em Portugal, ou seja, mais 87 mil estudantes. No total, o País conta com 140 mil estudantes de 187 nacionalidades, e em certas zonas, existem agrupamentos de escolas com 46 nacionalidades, sendo que a média está nas 19.
Para dar resposta a este aumento de não nacionais, em específico os de fora da CPLP, o governo apresentou o projeto "Aprender Mais Agora", onde está prevista a colocação de 287 mediadores linguísticos e culturais, como definido no despacho do Diário da República, publicado na quinta-feira, de forma a ajudar na integração destes alunos.
Para os diretores escolares esta medida vem responder a uma necessidade sentida no terro. Manuel António Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), lembra, à SÁBADO, que uma "grande percentagem de alunos estrangeiros vem de países não CPLP, nem latinos, nem falam inglês". O objetivo será, portanto, "criar condições para se poder criar um espaço de comunicação com os alunos, para perceberem rapidamente a língua e integrarem-se rapidamente na escola e na comunidade", criando ainda estratégias para esta integração "dentro da sala de aula ou fora".
Para Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), este projeto acaba por ser "uma novidade no sistema educativo". Por isso, aguardam que "o ministério dê às escolas algumas instruções", mas cabe a cada diretor decidir como "usar este recurso adicional da maneira como achar melhor e de acordo com o contexto educativo". Por exemplo, "para a dinamização de eventos ligados aos usos e aos costumes dos países de onde são provenientes" os alunos, uma vez que vêm de culturas diferentes.
Questionado sobre o processo e os profissionais que vão preencher estes cargos, o presidente da ANDAEP explica que "antes há uma fase importante, saber a que escolas vão ser atribuídos os mediadores", que ainda é uma incógnita, assim como a fase concursal e os seus critérios. "Não sabemos ainda quais são os critérios para promover o concurso para mediadores." Manuel António Pereira acredita ainda que como "não há licenciaturas em mediação cultural", terão de ser contratadas pessoas "habilitadas em outras áreas".
Outra incógnita é relativa aos seus rendimentos, ambos presidentes dizem não saber e não ter informação sobre a questão. Filinto Lima esclarece que é algo que poderá "ser esclarecido quando avançarmos com o procedimento concursal".
Quanto à implementação do projeto nas escolas, o presidente da ANDE clarifica que os mediadores "provavelmente" só vão ser colocados "no terceiro período", e Filinto Lima acredita que será também "depois do meio do ano letivo" e que estarão "poucos meses nas escolas" uma vez que os contratos caducam a 31 de agosto. O presidente da ANDAEP acredita ainda que é uma medida "que deverá ser fortalecida no próximo ano letivo", uma vez que "a chegada de alunos imigrantes é diária" e é um número que pode vir a aumentar.
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