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Português infetado em matadouro na Alemanha: "Eles queriam que o trabalho não parasse"

26 de junho de 2020 às 13:40

Funcionário português relata falta de condições de segurança e higiene. No matadouro, foram detetadas mais de 1.500 infeções em trabalhadores.

Um dos três portugueses infetados comcovid-19num matadouro em Gütersloh, na Alemanha, aponta falta de condições de higiene e segurança na empresa e admite que, mesmo depois de aparecerem casos, foram obrigados a trabalhar.

Um surto na empresa de carne "Tönnies", onde foram detetadas mais de 1.500 infeções em trabalhadores, levou a que o governo da Renânia do Norte-Vestefália decretasse o confinamento de duas localidades vizinhas, Gütersloh e Warendorf.

Dos cerca de sete mil trabalhadores do matadouro, sete são portugueses, três deles têm covid-19, mas estão fora de perigo e a recuperar em casa, de acordo com informações reveladas à Lusa pela Associação Portuguesa de Gütersloh.

"Fazíamos testes regulares na empresa e foram aparecendo alguns casos, mas nós continuávamos a trabalhar, eram as ordens que tínhamos", contou à agência Lusa um dos funcionários portugueses, que prefere não ser identificado.

"Começaram a mandar gente para casa, iam grupos de 10 pessoas, de 15 pessoas, muita gente. Foi nessa altura que desconfiámos que a doença se estava a alastrar", acrescentou.

Está há mais de duas semanas em casa a recuperar, salientando os bons cuidados de saúde que recebeu durante todo o processo. Sobre o regresso à empresa, que por agora se mantém encerrada, ainda não tem qualquer novidade.

"Estávamos a trabalhar como antes, todos juntos, sem qualquer medida diferente (...) Eles queriam que o trabalho não parasse, mas claro, ao estar em contacto com alguém infetado, à partida, mais tarde ou mais cedo, íamos ficar todos doentes. E foi o que aconteceu", lamentou.

"Não tenho muito a acusar, é uma empresa muito grande e com muita gente e é difícil manter as regras, por exemplo, manter a distância (...) Agora vão ter de começar a cumprir", sublinhou este funcionário português a trabalhar nesta empresa há mais de duas décadas.

Armin Laschet, o líder do governo da Renânia do Norte-Vestefália, revelou hoje que uma possível responsabilização da empresa ainda está a ser avaliada.

Segundo o Instituto Robert Koch (RKI), no distrito de Warendorf, o número de infeções desceu para 47,9 por 100 mil habitantes nos últimos sete dias. Já no distrito de Gütersloh o valor é de 177,7 casos por 100 mil habitantes, na terça-feira o valor era de 270,2.

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