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México. Magistrado não binário encontrado morto em casa

Débora Calheiros Lourenço 14 de novembro de 2023 às 18:33

Jesús Ociel Baena fez história em outubro de 2022 quando tomou posse como magistrado no tribunal eleitoral do estado de Aguascalientes, na presença de uma bandeira LGBT.

Jesús Ociel Baena, primeiro magistrado abertamente não binário no México e um importante ativista pelos direitos da comunidade LGBT no país foi encontrado morto em casa.

Instagram/Jesus Ociel Baena

A ministra da Administração Interna mexicana, Rosa Icela Rodríguez, referiu aos meios de comunicação que ainda não foi possível definir "se foi um homicídio ou algum tipo de acidente" mas que as autoridades locais estão a investigar esta morte.

O corpo foi encontrado com o de outra pessoa, também morta, que tem sido identificada nos meios de comunicação locais como parceira de Jesús Ociel Baena. As primeiras descobertas não mostram evidências da presença de terceiros no local do crime pelo que as autoridades acreditam que se tenha tratado de um "assunto pessoal".

No entanto, vários ativistas pela defesa dos direitos humanos já alertaram para o facto das autoridades mexicanas terem historial em considerar homicídios como crimes passionais e pediram que seja feita uma investigação completa para apurar se a morte de Jesús Ociel Baena está relacionada com a sua identidade de género. Têm sido organizadas várias vigílias em homenagem a Jesús Ociel Baena pelas cidades do México.

Alejandro Brito, diretor do grupo Letra S, acredita que a visibilidade que o magistrado tinha nas redes sociais o tornou um alvo de muitas "mensagens de ódio e até ameaças de morte" e pediu que as autoridades tenham em conta esse fator durante as investigações.

Jesús Ociel Baena fez história em outubro de 2022 quando tomou posse como magistrado no tribunal eleitoral do estado de Aguascalientes, na presença de uma bandeira LGBT. Nas redes sociais publicava regularmente fotos e vídeos com saias e saltos altos, em junho partilhou no X: "Sou uma pessoa não binária, não tenho interesse em ser vista nem como mulher nem como homem. É uma identidade. É meu, para mim e para mais ninguém".

Poucas semanas antes da sua morte recebeu um certificado a reconhecer que os seus pronomes neutros (elu, delu em português) deveriam ser utilizados por todos os serviços do tribunal.

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